Por X. Enrique Acuña (adaptaçom ortográfica do galizalivre) /
No ano 1922 o lendário Real Fortuna de Vigo convertia-se em campeom da Galiza. O seu onze titular reunia sem dúvida o melhor do futebol daquela época. Jogo e sucesso que junto ao do seu grande inimigo local, o Vigo Sporting, animavam à vida desportiva viguesa e elevavam a temperatura nos clássicos enfrentamentos ante o Deportivo d´A Corunha e Atlético de Ponte Vedra. Umha época bem heroica na que por parte de muitos afeiçoados reparava-se em umha ideia. A de poder formar umha seleçom galega com os jogadores mais sinalados.
A saída de um novo jornal vigués baixo o nome Faro de la Tarde serviu para patrocinar um inquérito entre os seus leitores. Escolheriam por votaçom os melhores jogadores de futebol do País. Efetuada com alta participaçom deu como resultado umha formaçom ideal que comporiam os seguintes nomes: Isidro, Otero, Clemente, Queralt, Torres, Balbino, Moncho Gil, Ramón González, Posada, Polo e Pinilla. O melhor dos equipiers galegos.
Nesse mesmo ano reunia-se em Vigo a Assembleia de Clubes espanhóis que decide a criaçom de um torneio entre as federaçons regionais afiliadas na Federaçom Espanhola de Futebol. O acordo move aos responsáveis federativos galegos a conformar umha equipa que por vestimenta teria o branco na camisola e o azul nas calças. Em Novembro desse ano realizaram-se as primeiras provas no campo de Bouzas com sérios problemas organizativos e ainda se fariam dous encontros mais antes da estreia contra a mais que potente seleçom do Centro.
Para este inaugural enfrentamento Galiza apresentou umha formaçom que diferia bem pouco da saída do inquérito do Faro de la Tarde. Jogariam daquela e fariam história, Isidro, Otero, Pasarím, Queralt, Balbino, Hermida, Moncho, Ramón, Chiarroni, Polo e Pinilla.
O enfrentamento salda-se com umha contundente vitória por 4 goles a 1, dous de Polo e um cada um para Ramón e Pinilla. As crônicas falaram que o triunfo foi forjado em umha defesa fechada e um arqueiro bem seguro. Enquanto os dianteiros souberam aproveitar praticamente todas as ocasions que se lhe prestaram.
Fora do concurso oficial a seleçom procurou compromissos que valeram de preparaçom para o campeonato oficial da Federaçom. O encontro elegido foi esta vez de caráter internacional e umha seleçom de Lisboa viajaria a Vigo com o mais sinalado das equipas da capital do Tejo. O 7 de Janeiro no velho campo de Coia os representantes galegos deram conta dos lusitanos por 3 goles a 1. Os goals foram marcados por Pinilla e Polo que obteve dous e foi a figura do jogo.
Triunfo em Sevilha
Mais o grande compromisso ia ser as semifinais do torneio interfederativo que tem o seu primeiro assalto na cidade de Sevilha contra a potente seleçom andaluza. Lá viveu o selecionado galego um extraordinário ambiente desportivo cheio de paixom que abarrotou um campo que viu saltar ao terreno de jogo à clássica formaçom de Isidro, Otero, Pasarín, Queralt, Torres, Balbino, Reigosa, Ramón, Chiarroni, Polo e Pinilla.
Aos três minutos de partido Ramón González consegue o primeiro gol que punha por diante aos galegos até que, de pênalti, Andaluzia logra o empate por médio de Kinké. Na segunda metade chega o melhor jogo do selecionado de Galiza que remataria por ganhar o encontro por um definitivo 4 a 1 com goles de Polo, Chianorri e outra volta Ramón. A figura do partido foi, se fazemos caso às crônicas da época, o defesa internacional pontevedrés Luis Casas Pasarín.
Como era já normal naqueles tempos a estaçom de comboios de Vigo era um fervedoiro para receber, com música e foguetes, aos ganhadores em Andaluzia que já souberam de homenagens ao passo de comboio por outras cidades e vilas galegas. Testemunhas fotográficas daquele dia servem para comprovar o entusiasmo do povo vigues ante o trunfo da seleçom da Galiza.
O passo à final do campeonato interfederativo já estava conseguido e tal sucesso desportivo enche de euforia aos afeiçoados e sobre todo ao estamento federativo que prepara para o selecionador Bar umha série de encontros de preparaçom. Um deles, como nos velhos tempos, foi contra umha seleçom da esquadra britânica, combinado que causou certos problemas aos galegos pese a perder, depois, por umha clara goleada. O seguinte seria em Ponte Vedra contra umha equipa formada polos melhores elementos locais que se virom derrotados por 3 goles a 0. O derradeiro ensaio efetuaria-no contra um combinado d´A Corunha e Ferrol num partido disputado em Vigo no mês de Fevereiro e no que os selecionados mostrarom amplamente os seus recursos desportivos.
E chega o dia grande da final que por acordo da Federaçom espanhola de Futebol ia-se celebrar precisamente no campo de Coia o 25 de Fevereiro. O evento concentrou em Vigo à plana maior do jornalismo desportivo que cobria para os mais de prestigiosos jornais a final. Astúrias era o osso a roer pola equipa de Bar que presenteava a baixa de Ramón González, coberta por Hermida.
Jogadores pertencentes ao Sporting, ao Stadium de Oviedo e mesmo do Deportivo conformavam um onze asturiano que aparecia como vítima propiciatória ante os desejos dos afeiçoados galegos. As aparências nom se cumprirom e mália a um primeiro tanto de Polo, os de Astúrias remontarom o jogo e ganham deste jeito o primeiro campeonato interfederativo. As crônicas resaltarom polos vencedores o grande trabalho do internacional Meana e os três goles conseguidos por Zabala. Da equipa galega o olímpico Luis Otero foi o mais afortunado.
A seleçom abonou o caminho
O fracasso fixo melha no ambiente futebolístico galego, mas teve umha leitura positiva de pensar que unindo os melhores clubes haveria grandes possibilidades de fazer um bom papel nos campeonatos de liga. A procedência majoritária dos elementos da seleçom das equipas do Real Vigo e o Fortuna acendeu definitivamente o debate pola uniom dos dous clubes olívicos que entrou num definitivo caminho depois de vários intentos falidos. Poucos meses depois nasceria da fusom o Real Clube Celta. Praticamente todos os homens da seleçom entram neste novo projeto configurando a nova equipa. Ao ano seguinte já seria campeom da Galiza mas também sofreria a marcha, deserçom para alguns, de Chiarroni, Otero, Ramón González e Isidro que recalam no Deportivo d´A Corunha.
A luita entre Deportivo e Celta fai descender o entusiasmo pola seleçom. Daquela ainda devolveram visita a Lisboa em um encontro que valeu para o estreio de Viñas, Machín e Posada. A viagem nom teve efeitos positivos e a Seleçom perdeu na capital portuguesa por 2 a 1.
O progressivo protagonismo dos clubes já em claro processo de profissionalizaçom e a desapariçom dos torneios internacionais limitou a partidos de amizade a dinâmica da seleçom. Um deles viria em 1930. A catástrofe marinheira de Bouzas, com cinquenta náufragos, serviu para que se chamasse à Seleçom de Galiza para um match de solidariedade a celebrar em Madrid e que organizara o jornalista Ramón Fernández Mato. Com um cartaz anunciador desenhado por Federico Ribas, também antigo futebolista, jogar-se-ia no antigo campo de Chamartín contra o combinado do Centro. Com umhas bancadas abarrotadas os madrilenhos virom como os selecionados galegos conseguiram a vitoria surpreendendo por 4 a 1 a sua seleçom. Anos mais tarde os ventos patrióticos, de obrigado cumprimento, nom zoariam precisamente cara a umha equipa com o azul e branco na camisola. Ainda, e já se perde a conta dos anos, vivemos nessa tempestade.
Artigo publicado nos Cadernos A Nosa Terra de pensamento e cultura (nº 17)