Por Jorge Paços /

Os estudos realizados divergem na valorizaçom final, e por isso resulta difícil aventurarmo-nos a dizer que percentagem de populaçom caiu nas perigosas redes do jogo na internet. Porém, há duas coincidências básicas : de todas as dependências, a que nos ata ao jogo é a mais oculta e vergonhosa, polo que as suas vítimas costumam ocultar-se. Além disso, especialistas alertam : a populaçom moça é especialmente vulnerável e engrossa já as consultas de desintoxicaçom. Alguns sociólogos falam já em “praga juvenil”.

Existe a adiçom tecnológica e existe, aliás, a sua versom intensificada e duplicada : a adiçom aos trebelhos que nos permitem praticar o jogo na privacidade do lar, sem estar submetidos à censura, e esbanjando o nosso dinheiro sem demasiada vigiláncia. Os males causados por esta sociedade doente tenhem agora umha nova válvula de escape.

Desde começos desta década, com a geralizaçom do uso da internet em dispositivos móveis, proliferárom os estudos sobre o fenómeno. As conclusons nom fôrom tranquilizadoras : as primeiras pesquisas apontárom que até mesmo os e as estudantes da ESO eram “populaçom de risco” Num dos estudos realizados na Galiza no curso 2015-2016, apontou-se que quase um 40 % do alunado estava “em risco de padecer esta patologia no futuro”. O contexto que favorece esta nova tendência social é conhecido : a desatençom familiar, o aumento exponencial da vida privada e o solipsismo, e a falta de redes comunitárias de vigiláncia. Até um 10 % de menores de 16 anos confessárom no mesmo estudo terem jogado a apostas desportivas em rede, ilegal para pessoas desta idade. Um certo engenho para cometer usurpaçons de identidade e apropriaçons indevidas, típica dos chamados nativos digitais, facilita esta dedicaçom. Estima-se que um total de 10000 menores da Galiza participam do jogo on-line.

Nos casos mais exagerados, registados também em território galego, a ignoráncia dos pais e maes no que diz respeito à verdadeira dedicaçom dos seus vástagos resulta assustadora. A imprensa comercial tem reflectido estes casos, como o dum casal que se decatou de o seu filho ser adito quando se decatárom de que acumulava umha dívida de 100000 euros.

Precarizaçom da existência e desfeita mental.

E como adoita acontecer no poço das dependências, a pegada de classe é determinante. Na década passada, o perfil do ludópata, adito às máquinas caça-níqueis, era um homem casado, de mediana idade, profissional qualificado e pequeno burguês, com poder adquisitivo e suficiente independência pessoal para esbanjar tempo e dinheiro nas apostas. A crise, as tecnologias e a individualizaçom miserável da existência transformou radicalmente este perfil : a principal vítima de hoje é um homem na década de 30, solteiro, em muitas ocasions no desemprego, e a depender ainda dos seus pais. Os incipientes aditos, ainda na adolescência, engordam as novas terápias de desintoxicaçom argalhadas por associaçons de ajuda mútua, como AGALURE, ou “Volver a vivir”.

Timidez política.

A Galiza vinha regulando o jogo e as apostas através dumha lei autonómica de 1985. Recentemente, o PP colocou a possibilidade de redigir um novo rascunho legislativo com o intuito de “proteger os menores”. O BNG secundou a proposta criticamente, afirmando que  “nom era sem tempo”, enquanto Em Marea a rejeitou por « baleira de conteúdo ».

Duvida-se que a legislaçom autonómica permita a instalaçom de máquinas de apostas em bares e pubs, e os especialistas ponhem em causa que se poida atalhar o fenómeno com tal laxitude : “Um responsável dum bar nom vai estar a pedir os DNI a todos os moços que se ponham a jogar”, diz um especialista à imprensa comercial.

Seja qual for o resultado legislativo, o fenómeno do jogo em rede conta com o apoio generalizado de importantes sectores económicos, a começar pola imprensa desportiva. Figuras mediáticas tam enxalçadas como Cristiano Ronaldo, modelos de comportamento para a juventude, participam insistentemente em campanhas publicitárias de casas de apostas, engordando os seus ingressos ilícitos com propaganda desta nova drogadicçom. Precisamente, a legalidade destes anúncios está a debate em distintas instituiçons espanholas e europeias.

Rechaço militante.

Como é sabido, som as populaçons mais atrapadas polas dependências -do tipo de for- as que mostram maior dificuldade para o artelhamento associativo e militante, e portanto as mais vulneráveis aos ataques do poder. Desde os primórdios do movimento obreiro, este lançou agressivas campanhas contra o alcolismo, ferramenta desmobilizadora de primeira orde por parte do Estado e a patronal. Nas décadas de 80 e 90, o independentismo galego livrou umha batalha frontal contra o narcotráfico, na que perdêrom a vida as guerrilheiras Lola Castro e José Vilar.

Às dependências do séculos XIX e XX, somam-se agora às derivadas dos trebelhos tecnológicos e a ánsia desaforada polo dinheiro. Os movimentos populares deverám tê-lo na sua agenda de denúncia, antes do problema virar incontrolável.