Por Iago Santás /
Falperrys som um combo veterano. Do punk e do folque. Do mar e do asfalto. Da taberna e a manife. Da Galiza e do mundo. E aqui, respondem este inquérito.
Falperrys 2018: o melhor e o pior de 2017 como banda.
O melhor penso que foi ter rematado o aparelho para poder “enrolar-nos” em gravar o disco, assim como atravessar o Gran Sol para arribar a Dublim no St. Patrick’s Day e largar as nossas nasas, aínda que isto tampouco foi moi estupendo por problemas que lhe puxeram ao nosso capitam de navio (bateria) no embarque. O pior, por pôr algumha cousa, igual em algum lance virar o aparelho e ter que seguir deitando pola borda algum que outro descarte, nom todo o peixe que pica nestes caladoiros da música é de proveito.
Pode que soar ingénuo ou a batalhinha de avô, mas para algum tripulante nascido antes da chegada da democracia, a visom deste pequeno mundo pode que fosse outra, e nom precisamente como negócio ou luita de egos. E digo o de ingénuo porque por sorte, noutro momento as marés foram diferentes, para algums melhores, para outros piores.
Sodes veteranos da cena musical galaica….como é que surde Falperrys?
Aqui nom contaremos nada de novo, quase de certeza que foi coma a maior parte das tripulaçons que o fazem por diversom, sem nenhuma pretensom, juntar-se para se divertir depois da rotina. Neste caso vinhamos doutros caladoiros, conheciamo-nos de coincidir nos mesmos portos, a cousa foi-se falando, apeteceu, juntamo-nos, e pronto.
Venha, para neófitos…explicai-nos quem sodes, o que teria que vir sendo a primeira pergunta.
O nosso barco tem bandeira galega e porto de abrigo em Vigo, ainda que nem todos moramos na cidade, de facto actualmente atracamos pouco nela para os ensaios, mas aí foi tudo arranjado e essa é a nossa origem. Como dissemos antes practicamente todos tinhamos faenado antes en distintos caladoiros, en activo algums outros xa fechados, que foram abertos, na súa maioria, no século pasado (Skacha, Farrapo de Ghaitax, Lovercans, Tiro Na Testa, Skarnio, Motor Perkins, A Bagunda, Vai, A Fusquenlha, Confraria da palheta, Soak e/ou Keltoi!)
Voltando ao calendário romano, temos neste futuro imediato o lançamento do vosso novo CD…depois afundaremos no conceito crowfunding no campo da contracultura…mas a nível musical….o que havemos encontrar?
Atoparedes dúas cousas diferenciadas. O principal é um trasmalho cheio de capturas no nosso estilo (cremos que pode ser chamado de celtic-punk ou algo assim), com composiçons próprias num 70-80% e com algumas versons e adaptaçons de (músicas) tradicionais ou bem galegas ou irlandesas, tocadas mesturando instrumentaçom base de rock con aparelhos máis melódicos tipo violino, acordeom bouzuki ou banjo. Também recuperaremos algums temas (aínda nom sabemos quantos) dunha anterior singradura em acústico que fizemos todos á vez há algums anos…já que estám aí…
Celticpunk… é possível alojar nessa etiqueta as bandas que fusionam punk com raízes celtas, seja na atitude mas sobretudo, na inclusom de instrumentos e ritmos que bebem desta fonte. Vam ir três nessa onda…a principios de dous mil houve um boom dessas bandas a nível internacional: Flogging Molly, DKM, The Real McKenzies, Blood or Whiskey, The Porters e um sem-fim…algumas delas super vendas hojendia…o fenómeno creceu ou estancou-se? tedes contatos com bandas dessa cena?
Rebuscando no quaderno de bitácora fai-se lembrança de que algums desses conjuntos já existiam ben antes da entrada do novo século, por exemplo os Real McKenzies tinham já muitas milhas navegadas. Bem é certo que a esta ribeira tudo chega algo máis tarde. Sobre o fenómeno de súper vendas desconhecemos totalmente que cifras se manejan nessas lonjas internacionais, mas a nível popularidade sim que puidemos ver umha multiplicaçom brutal da quantidade de tripulaçom vendo a, por exemplo, Dropkick Murphys, desde o seu primeiro desembarco no país, aló pola cidade do Berbê, onde umhas 100 pessoas escasas eram todo o público, ao ano pasado quando arribárom em Celeiro onde havia varias dezenas de miles a aguardar no peirao. Dizer que isso nom se trasladou ao resto das bandas mencionadas, pois outros que faenárom decote por estas costas, os já mencionados Real McKenzies, mantenhem umha pequena tripulaçom fiel e constante. E algum outro que veu, sempre falando polo público congregado, nunca chegou a calhar demasiado, umha mágoa. Sobre contatos, nós temos com bandas de amigos com as que empatávamos, independentemente de cenas e estilos praticados.
Nos USA o irlandês emigrado, Nova Iorque e Boston sobre tudo, leva associadas duas metonimias: bebedor ou polícia (sem que sejam excluintes). Sabemos que o punk nom ten que ser identificado necessariamente com um A circulado, ou com umha ideologia determinada, ou nem sequer tem porque tê-la, aínda que obviamente pode fazê-lo. O que sim foi e é comúm à sua totalidade, desde ese fio que une, por exemplo, a New York Dolls e Crass, e um rejeitamento ás formas de controlo máis explícitas, neste caso ás diversas Polícias…como vedes a condescêndencia que praticam muitas das bandas deste subgênero? O Estado vai utilizar como carne de canhom aos sectores máis desfavorecidos, neste caso emigrantes, mas onde é que está a linha vermelha da responsabilidade que tem cada um?
Se por condescendência referes a, por exemplo, algumhas bandas (veja-se Dropkick Murphys) que tocam e fazem singles para a súa Polícia, é absolutamente nauseabundo, som grandes merecedores de passar pola quilha, e faz com que nós, desde logo, nom tenhamos nada a ver com isso. Tampouco temos máis conhecimento ca esse caso sobre o tema. Nom sabemos onde estará a linha vermelha, o que é claro é que nós navegaremos sempre mui afastados do exemplo mencionado.
Indo para a Galiza…musicalmente temos sido umha naçom referente em multitude de estilos, mesmo nas raízes celtas poderíamos competir até “fardando” de RH…sem embargo nom foi um estilo muito comum por aqui. Credes que há algum motivo além de que a gente simplesmente nom ligue para isso?
Pois realmente nom saberíamos dizer porque tampouco temos claro que neste país sejamos referente de nada en questons musicais próximas ao rock. O público, especialmente em locais fechados, nom é mui numeroso, e no eido profisional aquí cóntan-se de sobra cos dedos dumha man mutilada as bandas (de rock) que vivem da música delas, nom acontecendo assim noutras partes de, por exemplo, o Estado espanhol.
Isso nom quita que haja muito boas bandas en muito diferentes estilos, pois é? Mençom especial para toda a gente que gostam disso, já for tocando, já for desfrutando de ver/ouvir a outras tocar.
Mencionávades umhas linhas atrás que abraçastes umha dessas maravilhosas ferramentas da economia colaborativa como é o crowdfounding. Necessidade por causa de ausência de selos dispostos a editar ou vontade?
Pode que fique de novo um bocado nostálgico, mas alguns há tempo navegamos por augas nas que houve gente máis involucrada em armar e arranchar bandas, ou polo menos para nós foi máis doado atopar essa gente antes com outros projetos do que agora. Ainda que é certo que tampouco largamos muitas nasas a ver que entraba, máis bem fomos direitos a tirar para adiante com este tema do crowdfounding que achamos bastante interesante. Bem é certo que nom tudo o passado foi melhor, e, aínda que houve tempos nos que avondavam distribuidoras independentes, também os houve bem mais escuros onde somente as grandes discográficas comerciais decidiam nestes eidos, e agora há muitas ferramentas, como o crowdfounding, para tentar sair adiante.
Como vai o projecto a nível financiamento?
Como ésta é a nossa primeira maré como armadores a estas artes, pois nom saberíamos dizê-lo com seguridade. Os dados indicam que em duas semanas temos as bodegas a um 65%, e ainda temos licença para outras 4 semanas antes de poder selar as bodegas. Assim que seguramente há ir bem.
Sodes veteranos, com perto, ou sem perto, de 25 anos nos palcos ou enrolados no mundinho alternativo. Como vedes a situaçom a nível público, cena no circuito de inverno? É dizer, colaborando com um bilhete e à margem de grandes festivais.
Temos que voltar de novo aos mares do “viva antes”, mas aquí nom há dúvida, antes iam máis marinheiros aos caladoiros de pago em locais de todo tipo. Também certo é que as marés eram mais esporádicas e normalmente apoiavam algumha causa ou íam acompanhadas dum motivo além da música pola música (que também está bem). Mas agora também nos divertimos arreo com isto, assim que nada de olhar cara atrás.
Tedes algumha opiniom dos grandes festivais?
Pois, assim, desde experiências diversas, que alguns estám melhor do que outros. Há patrons que mantenhem un jeito tradicional de distinguir os trabalhadores, e que continuam a diferenciar classes com comedores para os oficiais e outros para a marinharia. Também há alguns conjuntos que se dizem companheiros que gostam disto e ajudam a mantê-lo. Cada quem à faena dele. Justo é dizer que a maior parte dos que nós participamos, costumam ser armados com muito trabalho e ilusom, e normalmente a maior parte deles, por non dizer a totalidade, estám muito bem.
Mencionades que existem poucas bandas vivindo de jeito profissional disto…pensades que só influi a oferta e a procura? Poderia ser feito algo máis por parte de alguém/ou algo? Gostariades disso?
Aqui nom há muita dúvida, ofertar há muito peixe ofertado na lonja, a cousa é que a maioria da gente queda com dúas ou três especies, e como essas som as que máis mercado tenhem, os intermediários som as que ofertam, e som as que aparecem de jeito máis habitual para a procura. Se se pode fazer algo? Nisto da música estamos num “livre mercado”, e como dizem as teorias da man invisível de Adam Smith o mercado devia-se auto regular… portanto, devera ir tudo vento em popa!
Banda galega e em galego: conviçom ou casualidade.
Nem umha cousa nem (seguramente) a outra, nunca foi planeado nem assim nem doutro jeito tampouco.
Nessas pequenas/grandes marés que tedes feito por outros lares, som cientes da problemática da Galiza a respeito do seu status político dentro da Espanha?
Normalmente, e dependendo de que, certos lugares, quando sabem algo normalmente é sobre o “Basque Country” e a “Catalonia”, sobretudo ultimamente. Deste recuncho nom se lembra ninguém, a pesar de parir moreas de marinheiros que fôrom quem de abrir tabernas com nome galego até, por exemplo, em pequenas ilhas das costas de Terranova.
Há algum sítio em especial onde gostariades de tocar? E fugindo de que sei que sodes pouco mitómanos, alguém que vos figesse ilusom que tocasse/cantasse umha peça convosco?
Pois especial… a verdade é que qualquer sítio pode ser especial. A experiência diz-nos que há lances que os fas con muita ilusom e depois trazes o aparelho baleiro, e outros dos que nom esperas nada mas enches a bodega. Como tu mesmo dizes, e sem ser muito mitómanos, é justo dizer que, que um músico como Gary Ogg nos convidasse a cantar com ele o “Go On Home British Soldiers” enquanto todo o público berrava “God Save The I.R.A.” foi um momento bastante emocionante, quase igual de emocionante que o momento de descobrir a quantidade e variedade de cervejas que puseram nas neveiras do camerino as gentes do bairro de St. Pauli em Hamburgo.
Se podedes contar onde ver-vos neste novo ano agradecemos-vo-lo e despedimo-nos, saúde e umha aperta.
Pois ainda está a cousa a se preparar, mas desde que quitamos o formato acústico, em qualquer taberna poderemos cair no momento máis inesperado. Saúde para vós também, boa proa e muitas graças polo interesse.