Por Xabier Díez  (traduçom do galizalivre) /

Todos os professores de história explicam que a Europa nasceu na Grécia antiga.

Seu humilde servidor, um historiador contemporâneo com algumha predileçom polo que chamam de “história imediata”, apostaria que a Europa também teria morrido na Grécia.

Os vários resgates financeiros, os terríveis cortes que levaram milhões de gregos à pobreza, a austeridade imposta de Berlim, que passou a representar umha queda no PIB comparável à ocupaçom nazista durante a Segunda Guerra Mundial e, finalmente, a humilhaçom que levou a impor condições draconianas depois de ter se atrevido a organizar um referendo resultou no atestado de morte da Europa, pelo menos umha certa ideia da Europa.

A partir daqui, tudo deu errado. Países como a Polônia ou a Hungria desintegram suas democracias fracas, enquanto Bruxelas tolera os derivados franquistas da Espanha e seus policiais que malharam nas avós por quererem votar. As decisões internas baseadas na capacidade de lobby e mais lobby, onde os políticos reciclados abundam e têm pouca consistência técnica e moral, ou em que as posições som concedidas com base em mudanças no cromo de um cassino onde todos enganam, como nós temos visto com a nomeaçom de De Guindos para o Banco Central Europeu.

O que foi um projeto nobre: procurando a cooperaçom continental para tentar conciliar países que tiveram gerações de confronto, hoje exibe umha aluminose preocupante.

Nom é muito difícil concluir que, umha vez que o Muro de Berlim desmoronou, a alternativa dos países comunistas (na verdade, tigres de papel, na metafora afortunada de Mao Zedong) desapareceu e, neste contexto, as elites europeias tomaram a decisom de retornar ao paradigma da desigualdade dantes da Primeira Guerra Mundial.

Embora a Europa, inicialmente, parecia ser um espaço de comércio e intercâmbio, umha facilidade de aprimoramento do conhecimento mútuo, da liberdade de movimento e dos projetos Erasmus, hoje parece cada vez mais um ramo de Davos ou o Círculo Equestre: um espaço para a conspiraçom apropriada dos recursos de todos os povos, e além desprezá-los.

Em contraste, nas últimas décadas, a Europa é o Tratado de Maastricht, onde é aplicada uma agenda política neoliberal que obriga os Estados a abrirem seus lindeiros e barreiras a empresas multinacionais, o que promove reformas econômicas contra da estabilidade do trabalho , os cortes, a abertura à concorrência de setores que devem ser protegidos e, finalmente, algumhas maneiras de atacar as formas mais elementares da democracia.

É verdade que a Europa terminou na Grécia, mas a forma como as elites européias dispensaram as opiniões dos holandeses e franceses quando rejeitaram a constituiçom europeia, que logo foi aprovada pela porta dos fundos como um “Tratado Constitucional”.

E amostrou que as instituições nem tinham qualquer intençom de agir democraticamente, que a Europa estava perdendo o respeito pela cidadania. Nem foi umha queda súbita do cavalo, tem sido um lento processo de decepçom e distanciamento.

Medidas, além disso, como a directiva Bolkestein, que permite a concorrência desleal entre os trabalhadores (a caricatura na que se tornou o “encanador polonês” que afundiu  os salários na Grã-Bretanha remata por causar o que está acontecendo: as pessoas percebem isso ,  com a União Européia, perderem a soberania dia após dia.

Por esse motivo, o Brexit, os partidos anti-europeus, mesmo o surgimento do discurso anti-imigrante como bode expiatório para a angústia profunda, acabam por fazer saídas fáceis para problemas complexos, a expressom catártica contra a crescente impotência sentida por milhões de europeus com relaçom a essa involuçom antidemocrática.

O problema é que as esperanças ficam diluídas com repararmos como a Grécia desapareceu do mapa depois de anos de silêncio e sofrimento.

É normal que muitos de nós desejemos nos livrar para já desta Europa.

*Publicado em vilaweb.cat.