Por Jorge Paços /

Num momento histórico marcado polo avanço da reacçom e o curte de direitos, as mulheres organizadas ponhem um sério contraponto. O feminismo galego somou-se a umha maré internacional sem precedentes, que quijo patentear a capacidade da mulher para colapsar o sistema produtivo. Este 8 de Março marcará sem dúvida todo um ponto de inflexom na capacidade de auto-organizaçom e resposta feminista.

Da Marinha a Ourense, e de Ponferrada à Corunha, nom houvo núcleo de populaçom de entidade que nom fosse ocupado pola reivindicaçom feminista. Mais de trinta cidades e vilas galegas tivérom o seu acto. De todas as marchas celebradas ao longo do dia, Vigo e Compostela levárom o protagonismo, até o ponto de as organizadoras nom darem contado as pessoas mobilizadas. Quando a manifestaçom chegava ao seu final, umha parte das participantes ainda nom sairam do ponto de partida.

Tratou-se de mobilizaçons inter-geracionais, com um peso importantíssimo da juventude, agrupadas baixo a bandeira feminista, e também com umha significativa pegada galega : organizaçons nacionalistas e independentistas, juvenis e estudantis, além das obreiras, contribuírom para o sucesso da jornada.

Sectores laborais.

Além de existir todo um espaço social e laboral onde o paro é impossível de quantificar -o dos cuidados e os trabalhos do lar-, o sector do ensino agiu como ponta de lança da jornada. Até o 70 % das trabalhadoras do ensino parárom hoje, percentagem que chegou ao 100 % em muitos centros, e que roçou a totalidade do estudantado.

Empresas importantes sediadas na Galiza, todas elas conhecidas por serem hostis com os direitos laborais, sentírom aliás a pressom da greve : lojas de Inditex, Gadisa, Ence ou Adolfo Domínguez resentírom a sua actividade polo protesto feminista. Indústrias do sul do país, como Pescanova Chapela ou Conservas Iglesias (entre outras) vírom paros do 100 %, segundo informa a CIG.

Oportunismo.

As burocracias sindicais espanholas, recelosas na realidade com a proposta mobilizadora de hoje e insistentes em limitar o paro a duas horas, tencionárom aproveitar a vaga de indignaçom para recompor a sua danada legitimidade. ‘Jornada histórica para o movimento sindical’, afirmárom vozeiros de CCOO e UGT, obviando o seu pouco peso da convocatória, maiormente devido ao feminismo de base.

Ainda mais gritante foi o oportunismo do PP ou Ciudadanos, que depois de deslegitimarem a greve por ‘politizada’, manifestárom a sua compreensom. ‘Todo o governo adere à justa reivindicaçom das mulheres’, afirmou o vozeiro da extrema direita, Iñigo de la Serna.

Dimensom galega.

Como acontece em dúzias de ocasions com motivo de causas populares muito sentidas (defesa da Terra, língua, feminismo), a Galiza, nomeadamente as mulheres, demonstrou um músculo mobilizador importantíssimo, desmentindo mais umha vez os tópicos da docilidade e a submissom. Por palavras da responsável da CIG, Marga Corral, o feminismo autóctone ‘situou a Galiza no mapa mundi das mulheres’.