“A alma da ginástica é a vida do povo, e este apenas se pode desenvolver baixo o céu aberto, ao ar livre.” Ludwig F. Jahn

Quando Fitche escreve “Discursos à naçom alemã”, Prussia está baixo a ocupaçom das tropas napoleónicas e é polo que nesta obra, Fitche incita aos seus compatriotas à resistência contra a ocupaçom e a luitar para alcançar a independência. Para isso, Fitche concede-lhe à ginástica um papel decisivo para a formaçom da consciência patriótica na populaçom.

Esta ideia calha fortemente em Ludwig F. Jahn, que crea os Turnen, ou Turnwereins, que se tratavam se organizaçons que reuniam o povo arredor da prática ginástica e que tinham como objetivo principal a criaçom de umha consciência nacional além de umha preparaçom e desenvolvimento da força física e moral através do desporto. Estas organizaçons atraiam acima de todo à juventude e ao estudantado e eram acessíveis a todas as classes. Lá eram ensinadas a sentirem-se parte de um grupo capaz de lutar pela emancipação de sua naçom além de trabalhar a autoconfiança, a autodisciplina, a independência, a austeridade e a lealdade.

As praticas desportivas eram complementadas com desfiles, cantos, festas campestres e jornadas de formaçom onde se estudava a história e a cultura nacional co fim de promover um sentimento de autoestima e o abandono do auto-ódio.

Estas sociedades desportivas e culturais tiverom gram sucesso e em apenas cinco anos já contava com cinco mil ginastas repartidos em mais de um cento de sociedades e, cinqüenta anos depois contavam-se mais de cem mil ginastas em todo o território. Este modelo e esta filosofia desportiva criada por Jahn, com umha clara componente política, exporta-se a boa parte de Europa durante as décadas seguintes. Com o passo do tempo e a posterior unificaçom do estado alemã, e a contrario do pretendido por Jahn, a ginástica passa a ser um elemento mais do régime autoritário de Bismarck e que finalmente também utilizaria o regime nazista.

Mas se na Alemanha foi utilizado pola ideologia nazi, nom sucedeu o mesmo em todas as naçons. Para dar conta disto reproduzimos um texto de Andrés Domínguez Almansa titulado “Sokols, democracia e naçom checa”:

A República checa nom se constitui como estado nacional independente até o século XX. Assim desde o XIX, em três territórios integrantes do império austríaco, Silesia, Moravia e, especialmente, Boêmia, origina-se e arraiga um profundo sentimento nacionalista que advoga primeiro pola configuraçom dum estado autônomo checo e posteriormente pola independência.

A diferença dos casos de Alemanha e Italia, as classes altas de Boêmia nom vam participar no movimento nacionalista, dado que nom som checas senom germana e permanecem fieis à corte imperial dos Augsburgo. De aí que o nacionalismo checo, patrimônio das classes medias, tenha umha marcada componente democrática. Nom é estranho, pois, que os princípios democráticos aflorem nos Sokols, grupos dedicados à ginástica e à exercitaçom do corpo organizados, em 1862, polo nacionalista Miroslav Tyrs.

Tyrs, inspirando-se em Jahn, fundamenta o seu método na autodisciplina no nacionalismo e na igualdade, amparando-se numha ideologia democrática através da qual se exalta a justiça social e o patriotismo.

Os Sokols, que levam no seu nome o do estado nacional que querem contribuir a criar, seguindo a teoria de Jahn de que o povo para nom morrer deve conhecer-se, ponhem em prática o excursionismo, através do qual se dá a conhecer o território considerado nacional. Assim a identidade individual e coletiva vê-se reforçada pola contemplaçom e recordo dumhas paisagens, consideradas por Zimmer simbólicas e representativas da naçom em construçom.

O modelo checo tem um especial interesse por três motivos:

  1. O seu grande êxito associativo, superando nas primeiras décadas do século XX o médio milhom de afiliados, o que lhe confere ao movimento ginástico-excursionista um importante papel na consecuçom dos objetivos nacionalistas.
  2. Supom umha alternativa democrática ao modelo prussiano.
  3. Serve de inspiraçom a outros movimentos nacionalistas. É o caso do nacionalismo catalam, no qual desde o século XIX, o excursionismo constitui um importante eixo. Incluso, em 1932, umha expediçom catalã viaja até o território checo para afundar no movimento dos Sokols. Também nesta mesma linha na Galiza dos anos trinta, no seio do partido galeguista, organiza-se da mão de Álvaro de las Casas o grupo Ultreya.