Por Jacobe Pintor /
O presidente do estado espanhol manifestou publicamente o que qualquer um intuía, a intençom do atual governo do Estado, sob pretexto da excecionalidade, de eliminar o modelo educativo catalám assentado na imersom linguística. Diferentes membros do governo do estado exponhem distintas fórmulas para transformar as intençons em factos, ainda nom hai consenso, mas “faremo-lo sem hesitar” ameaça o porta-voz do governo da espanha. Mas se ainda nom o figérom, ou ainda nom sabem como, nom é por respeito a questons procedimentais, é óbvio. Após a orgia de encarceramentos, persecuçons, difamaçons…, a besta ainda nom consegue esquecer a sua humilhante derrota do 1 de Outubro, quando o povo catalám exerceu a sua soberania amparado, entre outras entidades, por umha comunidade educativa: famílias, docentes, diretoras, vizinhas, ativistas… que defendérom umhas escolas que efetivamente som suas, som públicas.
A construçom dumha educaçom pública catalá tem um percurso comprido na história: em finais do século XIX, imbuído do espírito da Renaixença, Francesc Flos i Calcat fundou a primeira escola em catalám, e impulsou a Associació Protectora de l’Ensenyança Catalana. Em 1907 Enric Prat de la Riva, um dos fundadores da Lliga Rexionalista promove a criaçom do Institut d’Estudis Catalans. Em 1914 constitui-se a Mancomunitat de Catalunya que agrupa as quatro deputaçons catalás convertendo-se na primeira instituiçom moderna de autogoverno catalám, da Mancomunitat nasce a primeira escola de verao e os estudos normais que procuram o conhecimento da língua, a história, a geografia e a cultura catalá. Com o advento da II República a Generalitat de Catalunya cria a sua própria rede de escolas com o catalám como língua veicular, embora o Estado mantém a seus próprios centros. Em 1931 cria-se o Comité da Língua e estabelece-se umha cátedra para o conhecimento e metodologia didática da língua. Em plena ditadura fascista várias escolas clandestinas mantenhem prendido o lume por umha educaçom catalá e, ao calor dum emergente movimento de renovaçom pedagógica vam-se constituindo as bases do atual modelo educativo, destacando a participaçom nos anos sessenta de Ómnium Cultural e a escola de mestras Rosa Sensat. Com a assunçom das competências em educaçom por parte da Generalitat após a instauraçom do regime de 78, desenvolve-se o projeto dumha escola catalá no contexto dumha língua minorizada, objeto de perseguiçom e repressom brutal no fascismo. Em 1981 só no 6% das escolas o catalám é língua veicular, e só para o 30% da populaçom o catalám era língua materna, apenas cinco anos depois, em 1898 centros de ensino que representavam o 62,11% das escolas o catalám é língua veicular, hoje no total dos centros públicos de ensino na Catalunya, a língua veicular é a língua catalá.
Rastreando este breve percurso pola história da imersom linguística poderíamos cair na tentaçom, muito recorrente por outra banda, de fazer umha leitura da cima para baixo, e ficarmos assim admirados pola determinaçom com que as elites culturais, intelectuais e políticas catalás, impulsárom umha educaçom própria orientada para a construçom nacional. No entanto, se aquilo quer ter algo de orientador para as galegas, proponho invertermos a ecuaçom, estudarmos o lento, quotidiano e escuro caminho que levou ao povo resistir toda umha ocupaçom armada, fazendo explodir a tradicional política pactual destas mesmas elites. Um dado significativo é o facto de o curso 1983-84 ter-se aplicado por primeira vez o modelo de imersom, que hoje funciona na escola pública catalá, no município de Santa Coloma de Gramenet na periferia de Barcelona. Um município cuja fisionomia social se conforma nos anos cinquenta com a chegada de milhares de operários nom qualificados de todas as partes do estado e que, nos anos oitenta, é maioritariamente espanhol-falante. A aplicaçom experimental do método de imersom neste munícipio deve-se, em grande medida, à luita das maes e pais para que as suas crianças sejam educadas na língua do país que habitam.
Eis a raia defensiva que tem que atravessar o Estado, a certeza partilhada polo povo catalám de que a única garantia para a sobrevivência da língua é a aplicaçom do modelo de imersom linguística, e esta certeza de todo um povo constitui a força do mesmo.