Por Jorge Paços /
A etapa de cessons (sempre mais aparentes do que reais) do núcleo do Estado às reivindicaçons ‘periféricas’, por mornas que forem, clausurou-se de vez nos últimos anos. Pola primeira vez desde a reforma do franquismo, representaçons políticas maioritárias da direita espanhola apregoam em público medidas literalmente herdadas do franquismo. Se Ciudadanos pula já polo fim da obrigatoriedade do galego na funçom pública, o PP desempoeira a velha ‘formaçom do espírito nacional’ com outro nome.
Os ministérios de Defesa e o de Educaçom assinárom há quatro dias um acordo que introduzirá umha novidade substancial no programa educativo. Mais cedo do que tarde, a maioria absoluta do PP pensa empregar-se para aprovar umha nova matéria que incluirá a apologia dos símbolos nacionais de Espanha; nesta incluirám-se conteúdos para valorizar o exército e a monarquia, instituiçons directamente relacionadas com a passada ditadura, e com umha longa história de conspiraçom, golpismo e oposiçom violenta a qualquer avanço popular.
Segundo o PP, ‘nom há pressa’ na activaçom da nova disciplina, embora, com a sua falta de consideraçom habitual polo debate parlamentar, o partido governante anunciou a sua aprovaçom contra as críticas ‘nacionalistas e populistas’. Há certa opacidade sobre os conteúdos finais, mas os promotores avançárom que a defesa das forças policiais nos textos escolares acompanhará-se da exaltaçom da chamada ‘cultura de defesa’: o exército, considerado como instituiçom que, para além de ‘levar a paz ao exterior’, ‘vela pola segurança interior em circunstáncias excepcionais’. Umha mente incauta poderia pensar nas grandes catástrofes naturais, mas o contexto dos meses passados leva-nos a outra ámbito bem distinto.
O pano de fundo.
A medida é umha resposta directa ao enfraquecimento simbólico de vários dos pilares centrais do Reino de Espanha : a unidade territorial, afirmada pola força das armas, e a dinastia borbónica, lixada pola corrupçom e blindada pola impunidade judicial, ante a alarma de boa parte da opiniom pública.
Mas nom todo é umha argalhada estatal : pois enquanto o independentismo catalám conseguiu a massa crítica mais forte das últimas décadas para o questionamento do Estado unitário, a extrema direita sociológica também se agrupou numha amalgama pavorosa de meios de comunicaçom e propaganda extremistas, intelectuais servis, corpos policiais e militares, e grupos violentos de apoio na rua, que mesturam lumpem, sectores desarraigados das classes populares e filhos da oligarquia económica e política. O independentismo catalám já registou nos seus informes mais de cincocentos ataques a bens e pessoas por causa do processo arredista. Na nossa Terra, em casos sem muitos precedentes, também sofrêrom danos carros com simbologia galega, e a propaganda independentista de rua é sistematicamente banida.