Por Cole Stangler (traduçom do galizalivre) /
O mercado de trabalho da França tivo um começo de ano conflitivo. No 9 de Janeiro, o grupo PSA, a segunda empresa de automoçom da Europa, anunciou planos para banir 2200 trabalhos ao longo do país. Pouco depois, Carrefour anunciou o curte de 2400 postos, enquanto o maiorista do têxtil Pimkie almeja a eliminaçom de mais 200.
Todos estes anúncios constituem um lembrete de que o presidente Emmamnuel Macron vem de completar as leis de reforma laboral mais agressivas em toda umha geraçom. Após o esmorecimento do movimento sindical no passado Outono, os empresários começárom a aproveitar-se das novas leis : PSA assentou mais da metade dos seus curtes numha lei que afrouxa as restriçons legais para os despedimentos, e Pimkie fará-o a seguir. Numha escala mais pequena, o jornal « Le Figaro » pretende a liquidaçom de mais de cincuenta postos com o pretexto dos procedimentos para a sua compra. Os curtes som especialmente fortes no grupo PSA, centrado por volta de Paris, o que fabrica os carros de Peugeot e Citröen, e que vem de mercar Opel a General Motors por mais de dous mil milhons de euros. No 2017 assistimos a marcas históricas de vendas da empresa por quarto ano consecutivo, aliás de históricas margens de lucro. Como um trabalhador descontence dos bairros de Paris dixo a « Le Monde », « quanto melhor correm as cousas, mais curtam pessoal ».
Trabalhismo em retirada.
A reforma laboral foi umha medida chave no primeiro ano de governo de Macron, conseguindo sucesso onde os seus predecessores fracassaram. O novo presidente tinha a avantagem dumha súper-maioria na Assembleia Nacional, mas sem embargo apostou na aprovaçom das reformas por umha orde executiva ; desse modo, limitou o debate parlamentar e a possibilidade de emendas nom desejadas.
Todas estas circunstáncias requeririam algum tipo de oposiçom exitosa na rua. Apenas umha massiva disrupçom poderia ter forçado o governo a duvidar. O movimento trabalhista francês, porém, está em desarranjo. Duas das três centrais sindicais mais importantes refugárom secundar as mobilizaçons de massas, incluindo o sindicato mais forte no sector privado, a Confederaçom Francesa Democrática do Trabalho (CFDT). Ambas as centrais decidírom que as suas relaçons com o Eliseo iriam perigar demasiado aginha no primeiro mandato de Macron.
Isso deixou a mais combativa CGT e o mais minoritário sindicato esquerdista Solidaires com a tarefa de dar o pontapé de saída e de liderar em solitário o movimento. A participaçom nas greves e nos protestos foi igualmente limitada, sem poder exceder a base social esquerdista mais conscienciada. No único sector que viu greves moderadamente disruptivas -o transporte por estradas, que se revelou fulcral para passados movimentos sociais- os sindicatos negociárom um acordo parcial com o governo que exime os trabalhadores do impacto das reformas.
Para o sindicalismo, os eventos fôrom um recordatório cruel da sua desconexom com a sociedade francesa. Namentres as centrais exerciam um grande poder institucional e negociava contratos representando o conjunto da populaçom assalariada, eles hoje apenas contam com o 11 % das trabalhadores e trabalhadores como membros. A taxa é semelhante à de países como os Estados Unidos. Se há vinte anos as centrais francesas eram quem de mobilizar números amplos de nom membros, hoje nom tenhem nem de longe o mesmo alcanço.
No entanto, os outros oponhentes naturais da reforma laboral incumprírom os seus compromissos. France Insoumise, liderada por Jean-Luc Mélenchon, prometera protestos de massas. Mas o partido sobre-estimou a sua capacidade de arraste, chamando mais para a sua própria jornada de luita, mais do que para o já de seu sobrepassado calendário de protesto sindical. Os e as estudantes, ingrediente mágico dos exitosos movimentos populares franceses, tampouco comparecêrom em cifras significativas.
O remédio como doença.
Com a adopçom de tais reformas, a França está a viver os primeiros capítulos dumha estória muito familiar no mundo occidental. A venda do sector público com a alegada pretensom de reduzir o paro tenhem resultado, de facto, numha vaga de despedimentos. Tentar dizer a umha enfermeira em paro, ou a um transportista, que um mercado laboral mais flexível iria fazer mais doada a contrataçom semelha brincadeira. Como um obreiro de PSA dixo à imprensa, « os decretos do executivo de Macron som um jeito de empurrar a malta para o desemprego ».
Qualquer pesquisa mostra também que a suposta ligaçom entre a erosom da protecçom laboral e o crescimento do emprego é, no melhor dos casos, muito fraca.
Estas conclusons estám bem longe da certeza científica com a qual o Eurogrupo e a Comissom Europeia recomendam rematar com as leis desenhadas para a protecçom obreira. Pola contra, o monte de entulhos deixadas polas reformas pró-neoliberais ao logo da Europa é abondo para extender o cepticismo sobre o seu futuro na França.
(…)
Seguindo este ronsel, mais dumha quarta parte da força de trabalho em Espanha tem agora trabalhos precários e temporais. Na Itália, que tem adoptado reformas semelhantes, a taxa de desemprego ainda anda arredor de quatro pontos por cima do nível dos tempos pré-crise. Em ambos os países, mais do 60 % do trabalho a tempo parcial é involuntário, o mais alto de todos os Estados da OCDE, nom sendo a Grécia.
Como era previsível, as reformas laborais fôrom impopulares na França, e daí que umha pequena maioria dera o seu apoio aos protestos para tombá-las. Isto ajuda a explicar por que Macron lançou a iniciativa durante a fase primeira da sua presidência. Se os seus próprios inquéritos de popularidade mostram como se recuperou desde o passado Outono -47 % da populaçom tem agora umha « boa opiniom », dacordo com o estudo do 31 de Janeiro-, os efeitos das reformas vam pairar como um lembrete durante o seu mandato. Ninguém duvida que os capitalistas utilizarám a nova lei como aposta segura para fazerem valer os seus privilégios.
E contodo, nada disto está a enfrear a agenda do governo. Macron e os seus aliados agora procuram a revisom do ensino superior, introduzindo novos procedimentos de admisom. Baixo o plano do governo, os estudantes de primeiro ano poderiam ver negada a sua vaga no seu campo de estudos preferido -medida que os críticos julgam ser um primeiro chanço cara o restritivo e caro modelo educativo do mundo anglosaxom.
Os protestos contra a reforma das leis educativas batêrom as grandes cidades na passada quinta feira, o mesmo dia que o governo anunciava umha campanha de baixas voluntárias no funcionariado, um movimento sem precedentes contra alguns dos postos de trabalho mais seguros da França. Os sindicatos de funcionariado, que enfrentam já umha congelaçom salarial, ham decidir para já se convocam greve como resposta. A esquerda, na França, só pode esperar que, nalgumha fase, estas correntes de descontentamento puderem desaguar numha frente mais ampla contra a agenda de Macron.
*Publicado em JacobinMagazine com o título « Macron’s Attack on Workers »