Por Ramón Cotarelo (traduçom do galizalivre) /
O Estado espanhol vive em situaçom excepcional.
A Constituiçom de 1978 governa-nos, mas nom governa porque está suspensa em umha parte territorial do país, na Catalunha, através de um artigo 155, umha lei de poderes plenos e de ditadura de facto, mesmo que tenha o sarcasmo de ser chamado de “ditadura constitucional” ou, como os meios de comunicaçom obsequiosos – praticamente todos – traduzem-se seica em proteçom da Constituiçom.
Também é suspensa na sua totalidade, umha vez que se aplica a todos os atos do governo e às instituições com as quais está relacionado.
A Catalunha nom pode ser auto-governada, pela vontade exclusiva de Rajoy.
O Parlamento nom legisla por graça do mesmo indivíduo, que o substituiu pessoalmente pela aprovaçom da oposiçom PSOE, Cs e, ainda que embaraçosamente, também Podemos.
Os tribunais, o Supremo e o Constitucional, secundam a política do governo e tentam disfarçar a sua arbitrariedade com argumentos legais.
Nesta situaçom, a monarquia Bourbon, herdeira do franquismo, está lançando umha campanha de propaganda no 50º aniversário de Felipe VI.
Envolve o embranqueio dos assuntos com umha aparência de eficiência, legalidade, proximidade e simplicidade que, além de nos custar cartos a eito (como tudo, mui borbónico) constitui umha armadilha, umha farsa e umha burla de umha cidadania que aspirava a viver num Estado de direito
O Bourbon já começou com tona da casa.
Em primeiro lugar, foi a sua alegaçom arrebatadora de 3 de outubro do ano passado, ignorando as vítimas do vandalismo policial, ameaçando a independência catalã e indiretamente dando carta branca às bandas fascistas de amigos e parentes do governo para assaltar livrarias e espancarem pessoal nas ruas.
Entom, veio a intervençom vergonhosa desse esmagador personagem : vai explicar aos seus mais velhos em Davos que a Espanha é o que nom é: um Estado de direito .
Se fosse tal, nom seria necessário explicá-lo, como ninguém o faz na França, Inglaterra, Alemanha, Suécia, etc.
E nom pretenderia ser reconhecido como tal, exatamente quando umha situaçom excepcional,o 155, a suspendeu, embora isso, mais do que ter a ver com a pouca vergonha, pertence mais ao campo da estupidez.
Entom veio mais um vídeo de um almoço da família real, um monumento à melindrada prosma e senhoriteira e um insulto a um país que tem estatísticas escandalosas de miséria, desemprego e abandono social , bem como á brutalidade e impunidade de amigos e parentes do governo, da sua festa e os reis.
A imposiçom do Toisón de ouro, isto é, o veludo dourado dos Austrias, usurpado por esta casa de adventizos, à menina com um “salário” de dezenas de milhares de euros que também pagam aqueles que nem têm para comer já é o último.
Isso mostra a falta absoluta de sensibilidade e consideraçom dessas pessoas para as pessoas a quem eles tem subjugados pela propaganda, o engano e, quando apropriado, e já chegou, a força bruta.
A mistura da violência fascista e da repressom na Catalunha (1 de outubro, prisioneiros políticos, intervençom policial e paramilitar, etc.) com a ridicula superficialidade dessa monarquia restaurada por um fascista delinquente fecha a metáfora da Transiçom.
Marca também a hora 25ª deste Estado espanhol, arrombado pela corrupçom, o autoritarismo e mais a incapacidade de encontrar umha soluçom democrática e civilizada para a chamada “crise catalã” que é na verdade a “crise espanhola”.
Tenta fazê-lo misturando a brutalidade repressiva da Turquia com as inaturáveis, ridículas fofocas de Sissi a Emperatriz .
Legalmente o chamado Parlamento eleito no 21D nom pode proceder por umha ilegal e injusta interferência do governo.
Vale a pena para alguns dos juízes que agem encantados de desempenhar o papel de facilitadores e mandadinhos dos golpistas e sua arbitrariedade , a quem justifica o coro de mídia comprada, dedicada a cobrir a sua guerra suja de aniquilamento , e com a sua fobia anti catalã, tentando confrontar, dividir e provocar a sociedade catalã para justificar umha eventual repressom muito mais violenta e que também teria a bençom do Bourbon.
Ele nom disse isso porventura em seu discurso de entronizaçom que hoje os espanhóis têm o direito de sentirem espanhois como quiserem?
Qual é, onde fica o direito de nom se sentir espanhol ou desde já nom ser espanhol?
Este direito nom é reconhecido e, se alguns, vários, muitos, dous milhões, por exemplo, desejam exercê-lo, abrem-lhes a cabeça, ficam com cárregos , as escolas e o sistema de saúde som destruídos, as instituições intervidas , funcionários eleitos som demitidos, presos, enviados ao exílio ou confiscados de seu património .
Fim da metáfora de transiçom.
O fascismo do Estado espanhol chegou ao fim da estrada, cerrou rotineiramente todas as vias para uma soluçom razoável.
Ele forçou o ponto de ruptura.
Ele só admite um lembrete de submisso assentimento se independentistas demitirem o seu candidato para a presidência por nenhum outro motivo mais do que porque o franquista Rajoy o quer.
É umha provocaçom típica para justificar umha nova ditadura na Catalunha e na Espanha.
Os independentistas nom podem aceitar que no presidente da Generalitat decida o corrupto Rajoy e o Bourbon porque, além de ser umha instituiçom democrática e integral, é também republicana.
A decisom do Torrent de adiar o plenário de investidura até a decisom tomada pelo Tribunal Constitucional no novo período arbitrário e estabelecido ilegalmente é compreensível no espírito de esgotar todas as possibilidades de uma soluçom pacífica.
Mas eu temo que seja inútil.
O Estado (Rei piroso e autoritário, governo corrupto, oposiçom vendida, meios comprados, etc.) nom quer umha soluçom pacífica, mas submissom, humilhaçom, submetimento e renúncia à independência.
Para isso, entre outras vergonhas , é que tem reféns políticos.
A decisom que o Constitucional tomará será o muito espanhol e previsível sostenella y no emendalla .
Esperar nom presta já mais , e só pode ser aceite sob umha solene promessa de que será a última vez que se tente tratar e componher com a barbárie de Franco.
O ponto de ruptura foi alcançado.
Se nom há outra saída para o Parlamento propor outro candidato para a presidência (no extremo, por que nom a Arrimadas? Franco teria feito isso), terá que tomar a decisom hoje adiada.
E terá que fazê-lo com todas as consequências (incluindo as enunciadas pelo gângster Casado do PP) em confronto com os desejos de um Estado cujo espírito ditatorial pode ser observado em que, agora, ele também nom sabe como impor uma legalidade que nom é mais que a arbitrariedade da ordem e do controle do franquismo, protegida pelos juízes de sua própria corda e com o apoio ativo de um Bourbon que tenta preservar seu gorentoso emprego, impedindo a libertaçom de um povo e sua constituiçom em República.
*Publicado em cotarelo.blogspot.com.