Por Jorge Paços /
A fiscalia apostava em fechar umha das peças da conhecida « Operaçom Carioca » e as piores previsons do movimento popular cumprírom-se finalmente. Como advertira há poucos dias umha associaçom tam pouco suspeita de radicalismo como a Rede Galega contra a Trata, de se confirmar o sobreseimento deste caso, viria ratificar-se a indulgência judicial com os servidores do Estado, sem se importar a suciedade e gravidade dos delitos com que som relacionados.
Os feitos acontecêrom no Corgo, na comarca de Lugo, entre os anos 2004 e 2009 ; lá, no club « Liverpool » várias rapazas menores de idade chegadas de países europeus e sudamericanos foram prostituídas baixo a olhada cúmplice de agentes da guarda civil assíduos do local.
Para a fiscalia, a demora no interrogatório aos acusados é motivo suficiente para se fechar a peça e estes nom serem condenados ; e embora se provou o feito de os guardas receberem no prostíbulo um trato de favor (com agasalhos e consumiçons de balde), tampouco isto é razom para a puniçom. Segundo a judicatura, pode tratar-se “dum comportamento imoral, mas em nenhum caso delituoso”.
A “Carioca” a exame.
Estamos ante a ponta de icebergue dum conhecido caso, o “Carioca”, instruído pola juíza Pilar de Lara : um macro-sumário no que se investiga, ao cabo, mais um exemplo gritante de violência contra a mulher através da escravitude sexual e laboral. A novidade do caso -se é que se pode empregar tal termo num Estado onde organismos oficiais aparecem tantas vezes salpicados de imoralidade e crime- é que parte do corpo da guarda civil está envolvida em toleráncia e apoio ao proxenetismo na cidade de Lugo; eis a razom de cargos como “revelaçom de segredos” (por advertência a alguns implicados de estarem a ser vigilados), “omisom do dever de perseguir delitos” ou “suborno”.
Demoras involuntárias ?
A proverbial lentidom da justiça espanhola -mais acentuada quando se investigam pessoas relacionadas com o poder e os seus servos- servirá agora para deixar sem puniçom tais delitos ; alguns deles tam gritantes como as agressons que sofreu umha das prostitutas declarantes, agredida sexualmente polo seu proxeneta, e obrigada polo mesmo a manter relaçons sexuais sem protecçom com vários putanheiros “porque assim pagam mais”. Este proxeneta, de nome Eladio R.H., nom foi chamado a declarar por estes feitos até 2016 : ao ter decorrido mais dumha década desde aquela, o caso foi sobreseído.
Com muita provabilidade, os abusos teriam sido bem mais graves de nom ser avisado E.R.H. de que as forças repressivas iniciaram umha pesquisa contra ele ; um guarda civil que provadamente alertou o proxeneta nom passará polo banco dos acusados ; tampouco nom o fará um outro agente, que mediou com a brigada de estranjaria da polícia espanhola para evitar a expulsom dumha das rapazas escravizadas.