Por José Manuel Lopes Gomes /
Em Laxe, a vizinhança aguarda com preocupaçom o ditame do Parlamento Europeu sobre o Parque Eólico de Catasol II; se a instituiçom comunitária entende que se cumprírom os procedimentos estipulados para redigir os projectos de impacto ambiental, os moinhos inçarám a área de Mourinhos. É mais um exemplo -entre dúzias- do descontentamento vizinhal que se extende com o novo potenciamento eólico da Junta.
Enquanto a Europa delibera, a associaçom Salvemos Cabana prepara o seu próprio recurso contra a empresa que argalha a ocupaçom do monte, Gas Natural Fenosa, a apresentar diante da Conselharia de Meio Ambiente. Para o colectivo local, trata-se de preservar um dos poucos tramos costeiros da nossa terra onde nom existem parques eólicos, aleḿ de salvaguardar “um espaço para aves em perigo de exinçom”. Algumhas delas, como a especie Emberiza Schoeniclus L. sub.Lusitanica, aninham na zona.
Propaganda política.
O discurso associativo bate frontalmente com o trabalho de propaganda político-empresarial sostido pola Junta e os seus servos mediáticos desde o passado Dezembro, quando transcendia a vontade dumha “tramitaçom acelerada” de novos parques, a produzirem um mínimo de 409 megavátios. A fórmula utilizada será a chamada “declaraçom de interesse especial”, que permite diminuir os tempos de alegaçons, e deixa portanto o movimento popular enfraquecido na hora de elaborar estratégias de defesa. A organizaçom da oposiçom adoita ser lenta e precisa dum assessoramento legal que exige prazos longos.
Tampouco nom faltou no discurso do PP a apelaçom aos postos de trabalho -por volta de 6000- e aos ingressos que receberám os concelhos polo chamado “canon eólico”, umha torta muito suculenta para umhas administraçons municipais em perene adividamento.
Há, porém, baleiros notáveis no discurso: em nengures aparece mençom a outras possíveis utilizaçons dos montes, nem à necessidade de preservá-los intactos polo bem do património histórico e ambiental. E obviamente, no discurso dos partidários do “desarrolhismo” obvia-se que a chamada energia verde nom está desenhada para substituir a fóssil, senom que se complementa com ele, num processo de consumiçom da Terra que só rematará com o colapso.
“Capitalismo de conivência”
Desbotada a possibilidade dumha burguesia nacional ligada ao negócio do vento, que tentara infrutuosamente o governo bipartido, os “amigos” de sempre voltam a tomar posiçons na apropriaçom dos recursos naturais galegos. Assim o revelava há semanas o semanário Sermos Galiza, apontando que a imensa maioria dos futuros 34 parques eólicos a construir ficarám em maos de capital espanhol, catalám e norteamericano. Apenas duas PEME galegas -Greenalia e Adelanta- concorrem à oferta.
Capital Energy-Sano Inversiones é umha das empresas que figura no concurso com maiores possibilidades de sucesso: dirige-a Martín Buezas, xenro de Florentino Pérez, um dos pilares económicos -e simbólicos, desde a presidência do Real Madrid- da extrema direita espanhola. De acordo com as informaçons do Sermos, CapitalEnergy trabalha em parceria com AlfanarGroup, empresa vencelhada aos regimes despóticos árabes, historicamente bem relacionados com o Reino de Espanha.