Por José Manuel Lopes Gomes /

Para além da carga insoportável de informaçom sensacionalista fornecida polos meios, o recente tratamento do mais recente caso de terrorismo machista traz à tona duas linhas informativas de relevo na imprensa empresarial: a primeira, a compreensom da violência contra as mulheres como um problema que requer exclusiva soluçom policial; a segunda, que a resoluçom dum assassinato exculpa de qualquer responsabilidade moral (e mesmo penal) os corpos policiais.

Nos milheiros de linhas redigidas com motivo da morte de Diana Quer, permanentemente recriadas nos detalhes mais truculentos, brilhou pola sua ausência qualquer alusom directa ao sistema patriarcal, o que forma, tolera e alimenta a morea de homens dispostos a converter a vida das mulheres num autêntico calvário. E embora proliferarem as informaçons sobre os “potenciais violadores e psicópatas” que podem ajejar por trás de qualquer alegado vizinho exemplar, em nengures se mentárom as raízes económicas, culturais e políticas dum sistema que ainda condena a metade da populaçom a umha cidadania de segunda.

“Pureza moral” dos vigilantes.
E já que a questom do terrorismo machista depende inteiramente, para a óptica hegemónica, duns mais nutridos corpos policiais que detectarem e neutralizarem os agressores, a figura dos vigilantes é peça chave na engrenagem. A guarda civil e a polícia -em definitiva, o Estado- estám aí para as mulheres poderem dormir tranquilas.

Nestas chaves informativas, a apologia da guarda civil das passadas semanas passou por alto -deliberadamente- o passado do responsável da operaçom que deu com a detençom do assassino de Diana Quer.

Quem é Manuel Sánchez Corbi?
Este mando da guarda civil foi condenado em 1997 a quatro anos de prisom e seis de inabilitaçom por torturas ao militante basco Kepa Urra nos arredores de Bilbao. Urra tivo que ser hospitalizado, em estado de inconsciência, com as vias respiratórias obstruídas por sangue.

Embora as instáncias superiores reduzírom a condena, isto nom foi abondo: Sánchez Corbi serviu-se dos seu valedores políticos para conseguir o indulto: aconteceu em 1999. Apesar de se tratar dum delito tam aberrante como a tortura, o governo do PP perdoou-no e possibilitou a continuidade da sua carreira profissional.

E com esta condena na sua folha de serviços, Sánchez Corbi conseguiu o ascenso até ser o coronel-chefe da Unidade Central Operativa do corpo.

Escándalo internacional.
Ainda que o consenso neofranquista impede a imprensa adita ao poder salientar feitos como estes, o chamado “Caso Urra” fijo acordar certo escándalo internacional. Amnistia Internacional chegou a denunciá-lo, como também o fijo o Comité para a Prevençom da Tortura.

Umha vez conhecido o indulto hispano, o Comité contra a Tortura da ONU declarou sem ambages que Espanha “nom cumpriu a obriga de reprimir e sancionar a tortura”, desconsiderando desta maneira a Convençom de Genebra.