Nesta terça feira, 26 de dezembro, começou o mundial de xadrez na Arábia Saudita e a atual campeã do mundo nom vai defender o título. A jogadora de xadrez, Anna Muzychuk, vigente vencedora nas modalidades de partidas rápidas e partidas relâmpago, partidas de 15 e 3 minutos respectivamente, anunciou que nom participará nesta ediçom por questons políticas, em particular polas normas machistas que impõe o país anfitriom.

No passado dia 23, a jogadora ucraniana publicava a seguinte mensagem nas redes sociais, a qual já conta com mais de 30 mil partilhas:

‘Em poucos dias, vou perder os dous títulos do Campionato do Mundo – um a um. Apenas porque eu decidi nom ir à Arábia Saudita. Nom para jogar mediante regras de outros, para nom vestir a abaya (a túnica tradicional que as sauditas estám obrigadas a vestir em público) para nom ter o dever de sair acompanhada à rua e para nom me sentir umha criatura secundária. Exatamente um ano atrás ganhei esses dous títulos e era a pessoa mais feliz no mundo do xadrez, mas desta vez sinto-me mui mal. Estou pronta para defender os meus princípios e nom ir ao evento, onde em cinco dias esperava ganhar mais dinheiro do que ganho numha dúzia de eventos. Todo isso é irritante, mas o mais perturbador é que quase ninguém realmente se importa. Esse é um sentimento realmente amargo, ainda nom é o suficiente para mudar a minha opiniom e os meus princípios. O mesmo vale para a minha irmã Mariya – e estou mui feliz por compartilharmos esse ponto de vista. E sim, para aqueles poucos que se importam – voltaremos!’

Segundo a organizaçom do evento, as jogadoras nom tenhem a obriga de vestir o véu islâmico durante a competiçom, mas sim que tenhem que cumprir um estrito código de vestimenta.

Com a desistência, a jogadora vai perder os dous títulos que possui: o World Rapid and Blitz Championships 2017 e o Women’s World Rapid and Blitz Championships 2017.

Neste mesmo ano, no campeonato feminino, que se celebrou no Irám, ela participou aceitando cobrir a cabeça com o hijab, véu islâmico, mas desta vez mantivo-se firme. Naquela ocasiom foi a campeã norte-americana, Nazí Paikidze, entre outras, quem desistiu de participar.

Este caso é umha nova mostra de que o desporto pode, e deve, ser também um campo de batalha política e deve ser utilizado para denunciar agressons como esta. Além de receber o apoio de muitas companheiras, de momento nom se conhece que nenhum dos seus colegas varons renunciasse a participar como mostra de apoio.

Machismo também em Ocidente
Se nom se chega aos extremos de Arábia Saudita, o machismo também assolaga o desporte ocidental, e o xadrez é um caso mui particular. Por exemplo, no Estado espanhol no ano 2016, apenas o 8,4 % das pessoas federadas eram mulheres, o que situa o xadrez entre os desportos mais desiguais. Por outra banda, segundo um estudo recente da Universidade de Barcelona, concluiu que em enfrentamentos diretos entre homens e mulheres das mesmas habilidades, as mulheres saem vencedoras em apenas o 46 % das partidas. A que se devem estas diferenças?

No xadrez nom se pode justificar botando mão dos argumentos utilizados tradicionalmente noutros desportos, já que as diferenças físicas som irrelevantes. Ainhoa Azurmendi, experta em desporto e gênero, diz que “os homens enfrentam-se à partida sabendo-se vencedores”. Aqui pode estar a clave: os homens som os ganhadores simbólicos na sociedade, e isto traslada-se ao mundo do desporto. Desde crianças, os nenos recebem umha educaçom baseada no empoderamento e na autonomia e com o fomento constante das suas faculdades psicomotrizes. Nom é possível saber que iria acontecer se medrássemos em igualdade.