Por Eduardo Galeano (traduçom do galizalivre) /
Eles o chamavam Cassius Clay: seu nome é Muhammad Ali, por nome escolhido.
Eles o tornarom um cristão: ele se tornou um muçulmano, pola fé escolhida.
Eles o forçárom a defender-se: bate como ninguém, feroz e rápido, tanque leve, pluma de demoliçom, proprietário indestrutível da coroa mundial.
Foi-lhe dito que um bom lutador deixa a luita no quadrilátero: ele diz que a luita real é a outra, onde um preto triunfante luita polos negros derrotados, por aqueles que comem as sobras na cozinha.
Eles lhe aconselharam discreçom: desde entom el grita. Intervenhem-lhe o telefone: desde entom, ele também grita por telefone.
Eles colocaram-lhe o uniforme para enviá-lo para a Guerra do Vietnã: ele tira o seu uniforme e grita que nom vai, porque nom tem nada contra os vietnamitas, que nada ruim lhe fizerom a el ou a qualquer outro negro americano.
Ele foi despojado do seu título mundial, banido do boxe, sentenciado à prisom e multado: gritando agradece estes elogios à sua dignidade humana.
*Tirado do livro “Memoria del Fuego III: El Siglo del Viento”