Por Jorge Paços /

Ainda sendo as infraestruturas mais populares e permanente garantia de sucesso eleitoral, as autovias e autoestradas continuam a deixar na Galiza um ronsel de desfeita. Nom só por nos dirigirem de cabeça à desfeita ambiental, senom por acarrejarem um sinfim de danos mais pequenos, mas também salientáveis.

O Corredor do Morraço agiliza a circulaçom de dúzias de milhares de obreiras e obreiros do sul da Galiza que, pola nula atençom política ao transporte público, colapsam as estradas que conectam Vigo com a Península. Desde Outubro, a Junta duplica o número de carris, pois desde a sua inauguraçom, o uso e abuso do carro particular nom fijo mais do que medrar.

Nos inícios desta semana, a Associaçom de Vizinhos de Sam Martinho (Moanha) fazia públicas as suas queixas pola falta de barreiras de proteçom nas obras; o esboroamento de parte da zona deita pedras e entulho em várias casas da paróquia. Do mesmo modo, as cargas de dinamita para a obra estám a pôr em risco a tranquilidade e a segurança das gentes.

Os efeitos da passada trevoada, afirmam da associaçom, multiplicárom os efeitos negativos das obras, pois os corrimentos do solo chegárom mesmo a lançar árvores contra os valos das casas.

Adeus a Monte Alegre.
Menos atençom merecem outros danos, pois aqueles sucessos que nom tenhem relaçom com os bens monetários, som atendidos com indiferença pola maioria da nossa sociedade. Porém, é muito o que está em jogo quando os valores espirituais dum povo som sepultados sem grande oposiçom.

Segundo nos revelou o colectivo historiadegalicia.gal no passado Novembro, o desdobramento do corredor supom aliás a desapariçom do Castro de Monte Alegre, jóia arqueológica galaica e um dos assentamentos deste tipo mais grandes do país. Rivalizava em tamanho com Santa Tegra ou Sam Cibrao de Las. Nele topárom-se umha figura castreja de 60 centímetros -possivelmente um guerreiro galaico- e um vieiro empedrado; este desaparecerá baixo o betom. O jazigo acolhia também centos de peças cerámicas, inclusive algumhas romanas, e um asta de cervo de mais de 2000 anos, demonstrando que este animal poderia povoar as nossas zonas costeiras na etapa céltica.

A construçom do corredor há umha década já suscitara polémica, e finalmente um túnel permitira salvar a citánia. Este remendo será eliminado por políticos e empresariado sem escrúpulos, que apagam por sempre umha valiosa pegada do nosso passado.