Por José Manuel Lopes Gomes /

Num país normalizado, a exposiçom que se inaugurará neste mês em Ourense iria constituir um evento nacional. À margem dos grandes cabeçalhos mediáticos e sem o apoio de grandes declaraçons políticas nem académicas, “In Tempore Sueborum” reunirá em Ourense mais de 250 peças de museus da Europa e Norteamérica. A exposiçom, organizada pola Deputaçom provincial, servirá porém para toda a cidadania consciente conhecer aquilo que o ensino oficial nos furtou: a raiz dum Reino que nasceu há 1600 anos e desapareceu -nominalmente- em 1833.

Até a direita espanhola governante na província ourensana, por boca dos seus representantes, reconheceu que a exposiçom nos aproxima “ao primeiro reino de ocidente” trás a queda de Roma; obviamente, os representantes do caciquismo provincial esquivárom a expressom “Reino da Galiza”; e no canto de falar de orgulho nacional, salientárom que o evento será umha forma de “potenciar Ourense”. A instalaçom continua a linha iniciada no passado ano, quando se organizaram jornadas para o estudo de Martinho de Dúmio, santo padroeiro da cidade e intelectual de referência do Reino Suevo.

Porém, académicos e políticos som cientes de que, ao potenciarem umha exposiçom como esta, jogam com lume. A mostra, que ocupará três prédios da cidade desde o 14 de Dezembro -Museu Marcos Valcárcel, Museu Municipal e Santa Maria Nai-, dará testemunho dumha entidade política que acunhou moeda, converteu-se ao cristianismo e dotou-se dum emblema que, recriado, o movimento galego recuperou. 1600 anos depois, e de novo desde o esforço voluntário do associativismo, o Reino Suevo é conhecido para o grande público.

Baleiros difíceis de cobrir.
Contodo, apesar do esforço sostido por centros sociais, entidades culturais e organizaçons políticas, o vazio na memória galega resulta difícil de cobrir. As mençons ao Reino da Galiza som nulas ou ambíguas nos livros de texto, estám ausentes da mídia empresarial, e tampouco nom fôrom recriadas pola indústria cultural. A riqueza incomparável da nossa história antiga e medieval -por citarmos duas etapas que suscitam o interesse do grande público- nom merece, para os grandes magnates da cultura, atençom nenhuma. As poucas vezes nos que um tema galaico foi abordado polo cinema -caso do Cid, mercenário ao serviço da nossa monarquia- fijo-se baixo a óptica falsificadora da “Espanha eterna”.

Ainda que o capital nom tem pátria, se tem que escolher, aposta em Espanha.