Por Antia Seoane /
No passado dia 23 celebrou-se o ato de entrega do prémio Fernández Latorrre, que outorga o libelo que mais contribui ao discurso de Espanha e do capital no nosso Pais. No ato galardoava-se Maria Emilia Casas Baamonde, quem foi durante 8 anos presidenta do Tribunal Constitucional, o que já pom em evidência o carácter do ato.
À entrega do prémio assistírom como cada ano o mais seleto da oligarquia galego-espanhola entre os que destacavam o presidente do governo de Espanha, o presidente da Junta de Galiza e o presidente e conselheiro delegado de Inditex, Pablo Isla. Também estavam presentes representantes das forças repressivas em Galiza, entre eles o general chefe da Guarda Civil, o chefe superior da Policia ou o fiscal chefe de Galiza. Até aqui o guiom semelha coerente, reprentantes do poder político e empresarial, a gabarem-se entre sim.
Mas à cita também nom faltarom representantes da esquerda dita ruturista, Carmen Santos, secretária geral de Podemos Galicia ou Luis Villares, portavoz de En Marea. Quem há apenas uns anos prometiam com revolucionar a política e romper co sistema, também estavam a fazer-lhe as beiras ao poder. Mas cumpre nom esquecer que Villares, antes de encabeçar a lista de En Marea nas eleiçons autonómicas do 2016, foi juiz da Audiencia nacional e do Tribunal Superior de Justiça. Também havia representantes do galeguismo cultural, como o presidente da RAG, Víctor Freixanes, ou Ramón Villares, presidente do Conselho da Cultura Galega. Nom se sabe mui bem por que estes dous, teoricamente, “defensores” da cultura galega assistiram a um prémio que entregava um jornal que despreza e margina a nossa língua.
Com todo, a presença que mais surpreende foi a da porta-voz nacional do BNG, Ana Pontón, aliás também estar presente outros membros do BNG. Nom semelha mui coerente que umha formaçom política que se vende eleitoralmente para Galiza “ter voz própria” ou para “construir Galiza com ilusom” acuda a este tipo de atos. A imagen da lider nacionalista entre a farándola e o luxo próprios da direita espanhola traz à tona o seu cinismo.
Mas se aceitar o convite para assistir ao ato é vergonhenta, mais o é nom marchar ante as palavras do discurso reaccionário de Santiago Rey, presidente e editor de La Voz de Galicia. O empresário chegou a dizer que “conseguimos ver nas nossas instituiçons os primeiros sinais de firmeza na defesa dos valores que fazem prevalecer os conceitos inalienáveis de unidade, solidariedade e legalidade. Essas três palavras devem permanecer indeléveis no coraçom de todos os espanhóis, nascem onde quer que eles nasçam”, em clara referência à vaga repressiva que sofre o movimento indepentista catalám. E também tivo tempo a elogiar o papel da monarquia: “Depois desses momentos de desconforto, tenho o dever de lembrar a intervençom de Sua Majestade o Rei, Felipe VI, que com a sua firmeza fixo-nos recuperar a confiança nas nossas forças.”
Esta nova mostra de vassalagem do BNG ante o Poder num ato de exaltaçom do regime espanhol, evidência que o seu objetivo político é apenas gestionar umha colónia. A esquerda e o nacionalismo galego institucional nom tenhem a intençom de ponher em apuros o regime espanhol, só procurar um lugar cómodo ao quente a cámbio de legitimar e reforçar as instituçons da democracia burguesa.
Depois da traumática rutura sofrida pola formaçom nacionalista em 2012, o seu discurso foi orientado a remarcar o seu carácter galego (sem depência de partidos espanhois) e “radical” apoiando e impulsando iniciativas como por exemplo a plataforma Galiza pola Soberania, mas agora, umha vez que as contradiçons do seu rival eleitoral ficarom em evidência, abandonou ditas iniciativas e volve moderar o discurso.
A foto que ilustra esta nova, bem poderia ser a capa do livro “Retrato do colonizado”, o famoso ensaio de Albert Memmi.