Marcos Garrido/

O sistema financeiro é o lubricante principal da economia capitalista, a condiçom de sobrevivência de um modelo económico em declive. Se sempre tivo um papel importante no financiamento dos projetos industriais, na atualidade atingiu um papel central, umha vez que a economia especulativa proliferou como um cancro na economia global.

Encontro de aforro e investimento

A funçom teórica do sistema financeiro, por dizer assim a sua única funçom “honesta”, é criar um lugar onde se encontre o aforro da populaçom com a necessidade de dinheiro de quem quer construir umha casa, fundar umha empresa, etc. Salta à vista que o atual sistema bancário está mui longe desta preocupaçom, já que as suas atividades essenciais e mais lucrativas consistem no investimento em bolsa e em dívida pública, enquanto o crédito a famílias e a pemes está fechado. Na verdade, a banca está volcada à criaçom e mantenimento de bolhas financeiras, fornecendo ao sistema de um recurso ilimitado ao dinheiro que cria, da nada, o banco central europeu.

Um tal papel sistémico é retribuido polos Estados, na forma de resgates multimilionários aos seus accionistas, que à vez devolvem os favores em forma de assentos nos conselhos de administraçom.

A trampa do crédito

Em lugar de administrar os depósitos dos clientes, é conhecido que os bancos recorrem principalmente a duas ferramentas trapaceiras para encherem os petos: por um lado, a reserva fraccionária, que lhes permite, legalmente, emprestar dinheiro que nom tenhem e assim criar dinheiro da nada e lucrar-se com ele; polo outro lado, graças à política de “barra livre de liquidez” do BCE, tenhem acesso a financiamento ilimitado e gratuito, que depois invistem em dívida pública dos estados (que si pagam polo dinheiro que o BCE entrega gratis aos bancos) e no mercado de acçons, sendo esta a única explicaçom de que bonos do tesouro e acçons do IBEX nom se tenham desplomado nos últimos anos.

Finanças éticas e cooperativas

Tamanho monstro tem atrapada a prática totalidade da populaçom, inclusive aos setores mais contestatários. E é que a sociedade atual exige o uso obrigatório de ferramentas que somente os bancos fornecem: umha conta corrente para poder cobrar o paro ou o salário, desde a que pagar as facturas, etc. Além disso, grande parte das famílias estám atrapadas em hipotecas, o que as encadeia a umha entidade bancária concreta durante as décadas de vida que lhes restem.

As possibilidades de ganhar poder popular neste ámbito som, mesmo assim, mais grandes do que parece. Por umha parte som cada vez mais as opçons para viver sem bancos, sem que isso signifique umha corrida de obstáculos cada vez que toca pagar o aluguer, a luz ou cobrar o salário. Mas por outra parte, temos duas opçons de bancos de base cooperativa, aos que podemos mudar-nos sem notar diferenças de “operativa”. Os dous oferecem banca eletrónica, cartons de débito e crédito, caixas automáticas nas ruas, domiciliaçons de pagamentos, etc. Quiçá esteja algo mais complicado no caso das famílias com hipotecas, mas mesmo isso está em transe de conseguir-se.

Do Galizalivre animamos a toda a gente que ainda tenha conta em ABanca, SCH, BBVA, CaixaBank, etc., a dar-se de baixa e abrir conta na Caixa Rural Galega ou em Fiare.

Fiare

Procedente dos ambientes da economia social criou-se umha entidade bancária com todos os permissos requeridos. Chama-se Fiare e tem ámbito europeu. O particular de Fiare é que é umha cooperativa, na que som os sócios que tomam as decisons de forma assemblear sob a premissa “umha pessoa, um voto” (nom em funçom do capital possuido). Está focado ao fornecimento de crédito à economia social, sempre com critérios éticos e fazendo gala de umha grande transparência.

Finca as suas bases em grupos de iniciativa territorial (GIT), que som ativistas que em cada zona pulam polo alargamento do projeto. Som os responsáveis, por exemplo, da presença de Fiare na maioria dos festivais e feiras alternativas do país, bem como das palestras de apresentaçom.

Fiare já proporciona todos os serviços bancários habituais, com excepçom das hipotecas.

Caixa Rural Galega

Umha das pouquinhas caixas de aforros que sobreviveu ao colapso do sistema financeiro é esta caixa galega, federada ao grupo de caixas cooperativas Caja Rural. Tem todas as funcionalidades dos bancos do oligopólio, e conta com sucursais nas principais cidades galegas.