Por Jorge Paços /

Os números cantam, e poucos indicativos que dim respeito à vitalidade social e económica da nossa naçom podem levar a engano. Nesta semana transcendia o debate na Comissom Europeia sobre o futuro das ‘regions em transiçom’ eufemismo empregado para qualificarem as zonas periféricas do continente que se descolgam dos ritmos impostos polo centro, e no que se inclui a Galiza. A um tempo que se reconheciam os múltiplos traços de debalar galego (da emigraçom ao avelhentamento, passando pola desertizaçom rural), apontava-se a necessidade de ‘curtar fundos’ que salvarem a fenda entre umhas e outras zonas da UE. Defesa e segurança acaparam um orçamento que desloca gastos sociais.

O pretexto do envelhecimento da populaçom está a ser a base de todo o argumentário neoliberal a prol da retalhada de políticas sociais, nomeadamente as pensons. Numha Uniom Europeia onde se produzem mais defunçons que nascimentos, dirigentes comunitários advertem da ‘enorme pressom que sofrem os serviços públicos’. A expressom camufla a falta de vontade política das ‘locomotoras da UE’ (nomeadamente a Alemanha) de investir em serviços públicos que paliarem as dificuldades da populaçom mais vulnerável, nomeadamente em zonas rurais de populaçom escassa.

Galiza, vítima de terceiros.
A Galiza, sem voz na Europa, e representada por intermediários espanhóis que historicamente a sacrificárom, vai pagar especialmente a etapa de austeridade que se agoira para os vindouros orçamentos. Estes vam ser negociados a partir de 2018, e possivelmente nom contemplarám fundos de coesom. Por palavras do vicepresidente da Comissom Europeia à imprensa comercial, “as medicinas aplicadas noutrora para ajudar as regions pobres nom vam funcionar mais”, segundo o grande burocrata Frans Timmermans. Com efeito, a UE focará os seus gastos na política militar-policial, e em taponar o buraco que deixou o imprevisto Brexit.

Fracasso confesso.
A política de fundos europeios funcionou durante duas décadas como teórica compensaçom à liquidaçom ou enfraquecimento dos setores produtivos galegos: agro, pesca e construçom naval. Focou-se à construçom de enormes infraestruturas desarticuladoras do país e focadas ao carro particular. Quando este modelo enfrenta os seus últimos estertores, cabe perguntar se funcionou. Europa é clara ao assinalar a ineptidom espanhola: “a baixa qualidade do governo (em alusom eufemística à corrupçom) peja o crescimento económico e reduz os efeitos do investimento público”. Por outras palavras, a dirigência europeia reconhece que os parches fornecidos por Bruxelas fôrom inúteis, deixando-nos no ponto de partida.

Dados que cantam.
À crise demográfica galega -patenteada desde 1998, quando as defunçons começárom a superar os nascimentos- somam-se outros indicadores recolhidos pola UE: “fuga” de pessoal qualificado a economias centrais (fenómeno típico das economias dependentes e coloniais), escasso madurecimento da Investigaçom e o Desenvolvimento, queda em picado do ritmo de convergência com a Europa.

Crise estrutural e entreguismo político.
As prediçons do independentismo fôrom mais umha vez cumpridas, superada a fase de ingenuidade pró-europeísta que as elites galego-espanholas agitárom na década de 90. Longe de serem informaçons conjunturais, falam-nos dumha constante histórica que passa por enfraquecer demografica e produtivamente a Galiza, para melhor invisibilizá-la politicamente.

Na mesma semana em que transcendia este relatório sobre a nossa evidente crise nacional, o vozeiro de Em Marea, Luis Villares, declarava nos meios públicos que “a independência nom estava na agenda política galega”. Com efeito, nom está na agenda das forças políticas que perpetuam o status quo de maneira declarada ou baixo um verniz de galeguismo responsável.