Por el territoriodellince (traduçom do galizalivre)/
Há já uns anos fixem um programa de rádio com este nome, “O berro e o mito”, onde mesturava a música com o rexurdimento da esquerda no mundo. Ou ainda melhor, onde enlaçava a música com a esquerda e o que representava a umha para a outra. Se falava do Uruguai, por pormos um exemplo recente, da Frente Ampla, de Liber Seregni, ou dos Tupamaros, punha música de Daniel Viglietti e explicava como a umha ia muito bem da mao da outra. Há umha estória que o define muito bem, e é que umha vez Daniel Viglietti participou do assalto para fornecer de fundos a sua organizaçom política e alguns dos clientes deste banco saudárom-no porque assistiram a algum dos seus concertos -estava a começar a sua carreira como cantautor-, assim que com bom critério quer a sua organizaçom, quer ele mesmo decidírom que o melhor que se podia fazer era cantar e deixar-se de atracos. Assi chegava-se a mais gente. E chegou-se. Viglietti virou um referente cultural e político para muita gente dentro e fora do Uruguai.
Durante os anos que o programa estivo em antena, e que tivem de deixar por umha mudança de residência, pugem todo tipo de música, e daí que o que vedes nesta página nom for umha outra cousa que a herança e as brasas daquilo.
Pois ao rememorar aquela jeira da minha vida, retomo o título para falar do que acontece na Catalunha, e da decisom da CUP de se apresentar às eleiçons autonómicas convocadas polo governo espanhol trás se fazer com o controlo burocrático da Generalitat, que nom da rua nem de boa parte do território.
O debate interno da CUP nom estivo em se participar ou nom participar nelas, senom em que fórmula e com que plantejamentos. A abrumadora maioria de militantes que decidiu ir com as suas próprias siglas pom de relevo o papel que tenhem jogado os Comités de Defesa da República (CDR) após o seu sucesso na hora de parar todo o transporte por estrada da Catalunha no passado dia 8, e o que os dixem, que a rua está a piques de desbordar quem apostaram até agora por reagir de modo contido a agressom do regime neofranquista (e monárquico) de 78. Aqui nom entra a CUP, mas o que se fijo a asembleia do Domingo foi continuar o processo de desbordamento ao ‘establishment’ catalao e evitar qualquer umha tentaçom de recuar.
Continua-se sem entender -isto vai por Tobias- que o processo que se está a desenvolver na Catalunha nom está protagonizado por nenhuma elite nem política nem económica. Já nom. Agora está em maos dos CDR, e todo o mundo é ciente disso. Todo o mundo dentro da Catalunha, obviamente. Fora dele o que há som berros e mitos, até mesmo dentro da pretensa esquerda. Porque isso da plurinacionalidade que diz entender e defender Unidos Podemos fica desmentido na prática. E mais quando depois de dous anos longos à frente de concelhos constatou-se que as instituiçons estám desenhadas polo poder e que, portanto, nenhum poder vai fazer nada de nada que prejudicar ou pôr em causa esse poder. A intervençom das contas do concelho de Madrid é um indicativo, o maior, do processo recentralizador e autoritário do Estado canalha e dos limites que se atopa quem quer “jogar dentro”, como dixo nom há muito esse “setor do cámbio”.
Os quadros som os que som e, portanto, o mais interessante é estarmos fora e nom dentro. E se se está dentro, puxar com força de fora. Nisso nom há incompatibilidade nenhuma. Onde si a há é em pretender estar apenas dentro. A lei, à que tanto apela o governo espanhol como a moribunda UE, está feita para o poder se perpetuar, apenas se poderá mudar essa lei se de fora se pula para mudá-la.
Que o processo catalao está inçado de contradiçons é patente, mas o que estám a fazer quer os CDR quer as CUP é agudizá-las. E mesmamente por isso, este processo já nom está mais dirigido por nenhuma elite política nem económica, servidora dumha oligarquia própria (catalá) nem alheia (espanhola). As classes populares, redescobertas agora polos “equidistantes”, som transversais, muito, mas estám a começar a dizer que querem ter o direito a decidir todo, desde a independência até os direitos sociais e laborais. Como dizia a cançom de Txarango, querem o pam inteiro e pegar no horizonte. (…)
Esta gente de mar, de rios e montanhas aceita companhias e lideratos de organizaçons civis, políticas e sindicais que em condiçons normais iriam ser perigosas, e fam-no, si, renunciando à luita de classes para potenciar umha coesom social que rache o sistema, o regime neofranquista (e monárquico) do 78, porque agora nom há mais postura que essa:rutura, mas desde a esquerda.
A pretensa esquerda reformista tem assumido em grande parte a lógica do Estado canalha, que a ‘coesom social’ tem de fazer-se dumha postura de súbdito, de renúncia aos valores republicanos e aos direitos sociais. As multas por manifestar-se no Estado canalha (a famosa “lei mordaça”) som de antes do processo arredista na Catalunha, por exemplo. As famosas “retalhadas” em direitos sociais nom som umha outra cousa que expólio do público polo privado. Quando se está inerme ante tanto abuso reformar nom fai sentido, o sentido é rachar com todo o anterior. É recuperar a dignidade, tam precisa para a luita solidária com o pam e as rosas.
Nom há um outro vieiro para acadarmos umha sociedade decente. E cumpre nom esquecermos nunca que se houvo umha vez na Europa esse tipo de direitos sociais, económicos e culturais foi por ter existido a URSS, e assim que escachou o espelho onde se podiam mirar os povos, o primeiro que fijo o capitalismo foi rematar com eles. Olhai à vossa volta, a vossa casa, e havedes ver como se tem deteriorado todo, e que recuperá-lo, nestas condiçons, é umha andrómena. Essa si é umha andrómena, nom a rutura agora possível na Catalunha.
Há um perigo a longo prazo, a institucionalizaçom da CUP, e assim teria sido se se aceitasse no Domingo ir numha coaliçom unitária com os outros partidos da burguesia. Ao tomarem a postura de irem sozinhos, com as suas siglas e apenas com quem assumir a rutura, a independência e as suas posturas claramente esquerdistas, esse perigo esvaece-se.