Por Jorge Paços /

Advertira há dias Pablo Casado, dirigente do PP, que Puigdemont poderia ‘rematar como Companys’. A comparaçom arrepiou mesmo a dirigentes da esquerda reformista, que riscárom o jovem político de ‘pirómano’. O presidente da Generalitat republicana foi fusilado polos fascistas e previamente, padecera mais dum ano de prisom por proclamar o Estado catalám. Quase um século depois, o braço judicial do PP cumpre as ameaças e envia a prisom nove dirigentes da República.

‘Acho que nom há que repetir a história’, manifestou Pablo Casado; mas a seguir asseverou que, de se avantar definitivamente cara a independência, o episódio como o de Companys poderia ter lugar de novo.

As palavras eram intencionadas e antecipavam, com toda certeza, o desenho repressivo que a extrema direita política e judicial leva meses a argalhar contra o processo.

A proclamaçom do Estado catalám dentro da República federal espanhola chegara como resposta ao acesso da CEDA ao governo de Madrid; fora umha reaçom ao retrocesso das liberdades e à anulaçom de legislaçom própria do parlamento da Catalunha, que pretendia um reparto mais justo das terras de uso agrícola. Num 4 de Outubro de 1934, o republicanismo catalám somara-se à vaga insurrecional do movimento obreiro contra a direita já fascistizada.

Companys anunciara que tomara tal medida como ‘medida contra a crescente ameaça fascista’, ciente da vaga de extrema direita que na altura assolava a Europa. A maior diferença com a etapa atual, porém, era a existência dumha forte esquerda revolucionária em todo o território do Estado.

A repressom de onte, a repressom de hoje.
Companys e todo o seu governo fôrom encarcerados num buque fondeado no peirao de Barcelona, o Uruguay. Houvo mais de 7000 os detidos, entre eles responsáveis dos Mossos d’Esquadra. Precisamente, o presidente foi condenado polo delito que hoje se adjudica a Puigdemont: rebeliom. Delito penado com 30 anos, dos que Companys cumpriu um e médio em Puerto de Santa María. O governo da Catalunha ficou nas maos dum coronel (Jiménez Arenas), e 130 concelhos independentistas fôrom suspendidos.

Companys foi amnistiado em 1936 e fugiu à França com a queda da Catalunha. Detido polos nazis, foi fusilado polo franquismo.

Hoje mesmo, nove dirigentes cataláns passam a sua primeira noite em cárceres espanhóis, engrossando a lista de nacionalistas galegos e bascos que povoam as prisons da dispersom, longe do seu país e a sua gente. Enquanto a Catalunha se paralisa polas mobilizaçons, a Uniom Europeia olha para outro lado. ‘Trata-se dum assunto interno de Espanha’, declarou o vozeiro em funçons da Comissom em declaraçons aos meios.