Por Jorge Paços /

A Galiza saiu enegrecida dum fim de semana funesto; valores patrimoniais e económicos devastados, famílias desfeitas e paisagens calcinadas. Mas as consequências vam além. A comoçom polos incêndios agitou distintos estratos da nossa sociedade, das elites políticas à gente do comum. A politizaçom de amplos sectores parece avançar, como demonstram as mobilizaçons massivas da segunda feira.

Contra o que nos têm acostumado o recital da correcçom política do ámbito institucional, a tensom foi a nota dominante na sessom de controlo ao governo do PP. Embora a crise incendiária nom estava na orde do dia, a extrema direita viu-se forçada a debatê-la, e tivo que enfrentar um embate bastante contundente de representantes de BNG e Em Marea.
Miguel Santalices, presidente da cámara, e Núñez Feijoo, tentárom fechar a controvérsia limitando as quendas de intervençom; finalmente, tivérom que recorrer ao menosprezo para paliar carências argumentais. ‘Custa-me tomá-los a sério’, respostou o presidente autonómico à oposiçom.

Voluntariado ambiental.
Noutra das sequências que se podem associar ao acontecido na crise do Prestige, umha vaga de voluntariado -galego e foráneo- começa a coordinar-se em ajuda dos montes. Labouras de repovoaçom e recuperaçom das zonas calcinadas ou salvamento de animais som as tarefas que se colocam, fundamentalmente artelhadas através das redes sociais. As Comunidades de Montes, que canalizam parte deste auxílio, nomeadamente no sul do País, pedem ‘calma’, desde que tais trabalhos precisam coordenaçom, e alguns deles (caso das repovoaçons) ainda terám que aguardar no tempo por evidentes razons técnicas. Seja como for, o oferecimento de ajuda demonstra um grau importante de consciência ecológica e sensibilidade em milhares de pessoas.

Protestos laborais.
Por seu turno, um dos sectores mais directamente envolvidos na crise, os brigadistas de SEAGA, fixérom público um comunicado a recordarem como ‘em 12 de Outubro a maioria da sua infraestrutura estava já a ser retirada e devolta a empresas de renting’. No dia 13, os e as trabalhadoras concentravam-se diante da Direcçom Geral de Montes, denunciando a ‘total improvisaçom dos responsáveis políticos’.

Na jornada de onte também continuamos a conhecer novas reacçons à estratégia de silêncio imposta polos comissários políticos do PP à RTVG; o comité intercentros continuou os seus protestos de rua exigindo a demissom do seu responsável, Sánchez Izquierdo. Num plano mais amplo, multidom de cidadás e cidadaos anónimos colapsárom a Rádio Galega com chamadas de queixa pola nula atençom informativa à crise incendiária.

Segundo denunciárom membros do comité de empresa deste ente público, imagens do lume tomadas em zonas de perigo, com evidente risco para as trabalhadoras, fôrom desbotadas para a sua ediçom, seguindo a estratégia do silenciamento.

Sabotagens.

Vários artefactos incendiários impactárom também nas passadas noites contra emblemas do poder político e económico: a residência do presidente da Junta e várias sucursais de Abanca no centro de Compostela. O mutismo policial na hora de valorizá-los nom impediu que a imprensa comercial e a própria populaçom os interpretassem como mais umha mostra da raiva popular que nos últimos dias sacode a Galiza.