Por Antia Seoane /
Desde a passada sexta-feira declarárom-se mais de oitenta incêndios florestais na Galiza, nos que ardêrom mais de 5.000 hectáreas. Com as temperaturas a bater todos os registos a meados de Outubro, superiores a 30 graus em quase a totalidade do território, e a seca severa que vem sofrendo o País durante todo o ano, estabelecia-se um cenário idóneo para a atuaçom das máfias incendiárias.
Vidas em perigo.
Os incêndios concentram-se arredor da cidade de Vigo e na metade Sul das províncias de Ponte-Vedra e Ourense. Dos mais de oitenta focos já declarados, treze tenhem nível 2, é dizer, que suponhem um risco real para a populçom. Aos milheiros de hectares já calcinadas, há que sumar as dúzias de localidades desaloxadas, o curte de estradas e das auto-estradas A-52 e A-57, o que provocou que numerosos carros fiquem atrapados no tunel da Caniça, o peche de tramos das linhas de comboios, a queima de indústrias em Mos, mesmo aparecêrom duas pessoas calcinadas no interior de umha carrinha numha estrada em Nigrám.
Normalmente o lume afeta as zona rurais, mas desta volta o lume está a cercar tambem a cidade de Vigo. Na noite do domingo a residência universitária do CUVI já foi desaloxada e muitas pessoas estám a organizar-se polas ruas de Vigo para apagar o lume que está a chegar às vivendas. A situaçom está a ser crítica e os serviços de extinçom de incêndios nom descartam que apareçam mais vítimas. A Junta esta-se a ver desbordada, e a falta de previsom é patente.
Nulidade e cumplicidade políticas.
Apesar da ineptitude do goberno autonómico e as condiçons climáticas tam adversas, o altíssimo número de focos que jurdem a cada pouco e num espaço de tempo tam breve, faz óbvio para qualquer observador que se trata de umha acçom organizada. Neste ponto nom se pode falar mais que de conjeturas, mas a negligência criminosa e a confluência de interesses a prol da desfeita som os grandes causantes da situaçom.
Crise ambiental, crise política.
Como analisávamos neste portal há apenas dous dias, a magnitude da crise ambiental está a pôr de manifesto que o colapso nom ameaça a natureza, senom as formas com as que vivimos os seres humanos até agora: a posta em risco de vidas acompanha-se da modificaçom dos espaços urbanos, como atinadamente assinala Christian Parenti no seu artigo ‘Que acontecerá se fracassamos?’.
Resposta popular.
Ainda sem sabermos se o movimento social vai intervir na denúncia desta vaga incendiária, si conhecemos que vinte entidades populares preparam-se para sair à rua no vindouro Domingo. Farám-no em favor do meio e contra a chamada ‘Lei de Destruçom do Território’, que entre outras medidas aposta na condena dos nossos montes através das monoculturas industriais. Por trás deste modelo produtivo acham-se também os incêndios no vizinho Portugal, que causárom neste Verao um verdadeiro drama humano.