Por Maria Alvares Rei /

Como era previsível, o seguimento da greve de denúncia da vulneraçom de direitos na Catalunha está a ser massivo. A empresa pública e privada fechárom numha Terça feira na que o Estado cavila em que fazer com as forças de ocupaçom apostadas no Principado. Umha enorme mobilizaçom ocupa o centro de Barcelona contra a repressom. E se bem se tem falado abondo sobre a potência mobilizadora da causa catalá, menos se repara na cambiante atitude do poder espanhol e os seus servidores. Enquanto o executivo continua na inacçom política, os tertulianos som um bom termómetro da desorientaçom estatal, num estado anímico inédito desde os tempos da Reforma política. A secular confiança espanhola desintegra-se e, agora si, o medo pareceu cambiar de bando.

Pavor nos tertulianos.
Na nossa Terra temos exemplos inimitáveis de intelectuais permanentemente alinhados com o poder, e por isso mesmo privilegiados com grandes espaços mediáticos onde fazer méritos em combate permanente ao nacionalismo. Além da obediência, um dos seus traços salientáveis era a fachenda, umha confiança imorrente na capacidade da ‘democracia’ para enfrentar todo desafio popular. A mudança de tom, sem embargo, está a ser manifesta. Confessa preocupado Blanco Valdés que ‘pola vez primeira desde (…) 1978 umha sublevaçom foi secundada por milhares de cidadáns, que aceitárom converter-se nos peons de briga dum golpe de Estado’. Para o opinador da extrema direita, tem-se chegado ‘à ruptura brutal duns hábitos democráticos que críamos já nom tinham volta atrás’.

Desde Espanha, Juan Luis Cebrián apregoa a posiçom do grupo PRISA e, embora negando-se a reconhecer que a independência catalá poda acontecer, assume que o acontecido ameaça ‘a estabilidade do processo político e económico e a sobrevivência do actual Estado’, pois já existe de facto umha ‘legalidade alternativa’.

Joaquín Leguina, firme nacionalista espanhol na órbita do PSOE, ainda intensificou a sua preocupaçom: de se proclamar a República catalá sem isto desaguar em encarceramentos por rebeliom ‘vai ser o fim da democracia espanhola’.

Ocupantes atrincheirados.

Se os persoeiros da pluma estám desacougados, os corpos armados atravessam aliás momentos difíceis. Cadeias hostaleiras têm obrigado a liscar contingentes de polícias espanhóis em vilas catalás, sendo os casos de Calella e de Pineda os de mais sona. Parte do pequeno comércio nega-se a recebê-los. A deslegitimaçom social dos violentos acada quotas nunca vistas, e é por isso que o Conselho de Ministros ainda delibera sobre que fazer com os milhares de homens armados que pretendem impedir a consumaçom do processo catalám.  Dirigentes do PP também permanecêrom encerrados horas na sua sede barcelonesa, preocupados com a hostilidade popular derivada do seu apoio às malheiras policiais a pessoas desarmadas.

Nas esquadras de todo o Estado celebrárom-se hoje concentraçons de apoio aos destacamentos na Catalunha, num ambiente de crítica e descontentamento com o ‘desamparo’ ao que se sentem submetidos.