Por Maria Alvares Rei /
Pola primeira vez em décadas, e sem temor a pecarmos de exagero, podemos falar de jornada histórica. O que era recentemente umha utopia achega-se a pura realidade nesta jornada de Domingo. Umha vasta maioria social organizada desafia hoje em Catalunha toda a engrenagem estatal, votando massivamente sem medo ante porraços, gases lacrimógenos e detençons. Um cenário sem equivalente na Europa, que assombra a imprensa internacional. Líderes políticos moderados, como o trabalhista inglês Jeremy Corbin, já condenam violência e pedem ‘sangue frio’ ao executivo da extrema direita. O político francês J. L. Melenchon dixo que ‘a naçom nom pode ser umha camisa de força’. Por sua banda, o primeiro ministro da República Checa pergunta-se se ‘de verdade estas imagens correspondem ao ano 2017 e a um país da Uniom Europeia’.
Na realidade, e segundo nos contam fontes da esquerda independentista, ninguém esperava tal dureza repressiva, pensando que o PP optaria por umha contençom mais simbólica que real para deslegitimar as votaçons.
Votar baixo assédio.
As cifras dos últimos anos nas ruas catalás nom enganárom: a movimentaçom de massas -social e ideologicamente mui diversa- sobardou os recursos policiais das forças de ocupaçom, que escolhêrom umha dupla estratégia: tentar blocar os grandes colégios, procurando cortucircuitar o grosso da votaçom, e lançar-se a umha política de terra queimada: é nas vilas pequenas onde se vivêrom cenas mais duras, com ataques a populaçom passiva e desarmada, lesons a pessoas idosas, desbaratamento de jantares populares…a listagem de abusos é ampla demais para reproduzirmo-la numha síntese como esta, mas a imprensa catalá dá cumprida conta, como também o fai da cumplicidade estabelecida entre a populaçom e os Mossos; som os contingentes policiais chegados de Espanha os que se empregam com violência.
Dúvidas a piques de ser esclarecidas.
O 1 de Outubro também está a despexar umha das incógnitas que pairava sobre o processo catalám desde as suas origens, há praticamente um lustro: a firmeza das novas elites políticas independentistas na sua aposta. Contra os prognósticos mais cépticos, a antiga direita nacionalista está a manter-se firme em prol da soberania plena; a esquerda independentista, com a sua clareza habitual, recorda que ‘a lei de referendo permite a declaraçom unilateral de independência’. Assim o manifestou Anna Gabriel, da CUP, que puido votar nesta manhá.
E porém, como o desenlace de processos tam complexos depende da actuaçom de todos os atores do conflito, havemos de estar pendentes da intensidade imobilista que manterám os dirigentes espanhóis. A velha tradiçom belicista do Estado que também ocupa a Galiza parece reverdescer ante a revolta catalá.
Dous polos puxando na Galiza.
O fascismo que historicamente arreigou na nossa terra começa a manifestar-se timidamente nas ruas, aguilhoado fundamentalmente polo grande órgao de propaganda galego-espanhol, ‘La Voz de Galicia’. Através dumha campanha sostida, conseguiu que essa minoria reaccionária se comece a fazer visível com algumhas bandeiras espanholas em janelas do centro das cidades, ou com a agressom sistemática à propaganda independentista.
Por seu turno, o bloco soberanista está a demonstrar um evidente vigorizamento ante a revolta catalá: onte o conjunto do nacionalismo ocupou em total unidade as ruas da capital, na que quiçais fosse a mobilizaçom mais ampla na história da Galiza a corear consignas arredistas. Milhares ateigárom Pratarias num ambiente animoso e combativo.
Baixo a legenda ‘Nom temos medo’, a Plataforma ‘Galiza com Catalunha’ volta a convocar hoje galegas e galegos contra a violência estatal e a prol da autodeterminaçom.