Por Maria Álvares Rei /

A poucas horas do esperado referendo, galizalivre entrevista Lluc Salellas, membro do secretariado político da CUP e concelheiro desta formaçom na cidade de Girona. O militante catalám expom a perspetiva e os reptos que afronta a esquerda independentista para a crucial semana que imos encetar.

Todo o mundo está expectante por volta do 1 de Outubro, mas segundo a CUP, que haveria de passar no dia seguinte?
No caso de se produzir o referendo em normalidade e ganhe o si, da CUP achamos que cumpre declarar a independência e encetar o processo definitivo cara a soberania plena do nosso povo. O referendo é vinculante e qualquer outro caminho ia ser contradizer todo aquilo que defendêmos e votámos no parlamento e nas ruas. Se o referendo se vê alterado pola repressom do Estado entraremos num cenário de luita na rua, com umha greve geral a inícios da semana vindoura. Cumprirá contrarrestar a razom da força com a força da razom e procurar aquela fórmula que nos permitir autodeterminar-nos, mália termos o Estado numha situaçom de excepcionalidade absoluta. Em qualquer um dos cenários, porém, o último mês gerou um grau de empoderamento e de mudança de cultura política que veu para ficar.

A Catalunha tem posto em xaque o Estado espanhol com o referendo. Que significado tem desobedecer as regras da Constituiçom?
Tem o significado dum povo que nom se sente representado polo quadro legal vigorante, que o acha restritivo, limitador e fundamente ánti-democrático. A gente apostou em decidir por riba de leis que a maioria da populaçom nom votou, e que aliás nom contemplam o legítimo direito à autodeterminaçom das naçons que existem nos Estado espanhol. Desobecemos por justiça, futuro e dignidade e sobretodo porque é que maioritariamente se tem exprimido na rua e nas instituiçons.

A CUP sempre tem defendido uns Países Cataláns livres…que passará agora com as Ilhas e o País Valenciano?
Nós sabemos que o arredismo nom se remata com a libertaçom nacional de Catalunha. Este é apenas o primeiro passo que tem de servir também para fender o regime de 78 e abir possibilidades ao resto de territórios dos Países Cataláns sobre dominaçom espanhola como as Ilhas e o País Valenciano. Até que nom estivermos todos juntos, nós nom deixaremos de luitar pola libertaçom nacional dos Países Cataláns. E além disso, estamos certos de isto servir também de revulsivo na Catalunha Norte. E todo num marco constituinte das classes populares catalás.

Que estratégia ou estratégias argalha o Estado espanhol a partir do 1 de Outubro?
O Estado espanhol é difícil de prever. Mas em todos casos cumpre imaginarmos umha resposta desproporcionada e repressiva, como temos visto nos dias recentes. E por riba disso a nós tocará-nos ser firmes, manter a unidade e sair à rua em defesa dos resultados.

Que condiçons achas se dérom desde há uns anos para um medre tam forte do arredismo na Catalunha?
Bem, há umha conjuntura que xurdiu por diversos factores ligados à tripla crise que viviu a Catalunha nos últimos tempos: umha crise económica, social e política que levou à maioria da gente a crer que o regime de 78 e as suas instituiçons nom som em caso nenhum um cenário de futuro e que também é o intre de se recuperarem a soberanias, entre elas a nacional, que permitirá governar-nos melhor e com mais liberdade e capacidades. É evidente que o independentismo há anos que foi acumulando força diante da desafeçom com o Estado, mas hoje é também um movimento pola democracia e os direitos civis e sociais.

Para rematarmos: a CUP aposta na criaçom da República catalá, e no início dum processo constituinte…que quer dizer para vós processo constituinte e como o afronta a CUP?
É possivelmente o processo mais interessante que se pode produzir nos vindouros meses porque vai ser o momento em que nom apenas teremos dito e efectuado um exercício de soberania, senom que estaremos colectivamente decidindo como deve de ser o futuro deste povo. Isto é, será o contexto no que entre todas e todos havemos decidir o quadro legal e institucional a partir do que nos devemos de mover na República catalá. Para a CUP tem de ser um processo horizontal e de empoderamento popular que marque um novo jeito de transformar politicamente o nosso contorno. Que sirva para mostrar que a política nom pode estar mais ligada às decisons dumhas elites políticas e económicas, fundamente corruptas, senom um exercício colectivo de participaçom e decisom.