Quando já rematarom as derradeiras jornadas das diferentes ligas(*), estamos na hora de fazer balanço. E como era de aguardar, mantem-se a tendência descendente que trazia o remo galego nos últimos anos: na liga feminina sem representaçom e na masculina, apenas três equipas, que luitárom na parte media-baixa da táboa tratando de evitar os postos de descenso. Finalmente, a embarcaçom debutante de Ares perdeu a categoria nas regatas de play-off, polo que só restam duas equipas na máxima categoria. A vindoura tempada, segundo se prediz, será um outro ano no que o objetivo marcado será resistir.
Como se diz, apenas duas trainheiras galegas, Tiram e Cabo da Cruz, tenhem o nível suficiente para resistir ante o domínio das bascas –dez das doze trainheiras da liga ACT som bascas–. Asturianas e cántabras já sucumbírom e para a tempada que entra nom terám representantes. Qual é a causa desta situaçom? Por que aos clubes galegos lhes custa tanto esforço conformar equipas de alto nível que sejam quem de participar com opçons de vitória? Pode-se dizer mais. Porque a maioría das equipas galegas sofrem para nom deixar colgada a trainheira no verao?
O remo é dum desporto com umhas características mui particulares: é um desporto tradicional pouco praticado a nível geral, mas com bastante arraigo em algumas das vilas costeiras da nossa Terra, focalizado principalmente nas Rias Baixas e nas Rias Altas –na Costa da Morte e na Marinha apenas há meia dúzia de clubes–; trata-se dum desporto que estimula o trabalho em equipa sem opçom algumha a individualismos ao contrário do que sucede noutros desportos de equipa como o futebol ou o basquetebol, nos que sim se permitem jogadas individuais para o luzimento pessoal; practica-se em contacto com a natureza, que exige uns hábitos de vida saudáveis, e que require muito trabalho e constáncia –um ou umha desportista para alcançar um nível de equipa ACT require um mínimo de três ou quatro anos de adestramento quase diário–. Todas estas qualidades podem considerar-se positivas, mas todas estam em decadência na sociedade actual, onde prima a lei do mínimo esforço, onde a disciplina, o compromisso, o companheirismo, a capacidade de sacrifício, o respeito à natureza e às tradiçons estám sendo devorados pola sociedade de consumo, onde a maioría dos moços e moças apenas assumem o papel de consumidores –é milhor ver que fazer–, e onde semelha que o único impulso que mobiliza à gente é o dinheiro, um desporto no que prevalece o equipo sobre indivíduo, a tradiçom sobre a novidade e a moda, o trabalho sobre a pose, a constáncia sobre o efémero, e as moléstias de vogar à intempérie com vento, mar, chuva e frio sobre a comidade do ginásio climatizado, está abocado a ser minoritário.
Ante estas circunstâncias, os clubes galegos nom dam com a chave para atraer o número de deportistas necessários para que o remo galego prospere e melhore o seu nível. Mas o desporto é o mesmo aqui que em Euskal Herria, entom por que esta diferência nos resultados?
Há um feito que pode ser significativo. Urdaibai, Zierbena ou Kaiku, por pôr como exemplo a três das melhores trainheiras, contam con vários remeiros galegos nas suas bancadas, mentres que pola contra, as tripulaçons galegas som integramente nacionais ficando assim de manifesto que a emigraçom nom é um fenómeno alheio a este desporto. Umha vez chegam à categoria sénior e alcançam umha qualidade suficiente, muitos remeiros emigram a onde recebem incentivos económicos por praticarem este desporto. À hora da verdade, os clubes galegos som canteiras das milhores trainheiras do cantábrico.
Num cenário de precaridade laboral como atual, com jornadas laborais mui longas, que dificulta dedicar o tempo necessário ao treino –duas ou três horas diárias– , e com salários tam baixos, o feito de que um clube tenha a capacidade de incentivar económicamente aos seus deportistas, ainda que seja mui modestamente, ajuda a estes nom abandonarem a prática do desporto por incompatibilidade laboral, ou a emigrarem a Euskal Herria, onde sim dam incentivos económicos, facilitam vivenda e/ou empregos compatíveis cos treinos. A difererência está aí. Fugindo da profissionalizaçom, a soluçom pode estar em conseguir que os clubes tenham a capacidade para incentivar aos seus desportistas e estes podam compaginar o remo co trabalho, o lezer, a família, a militáncia ou o que eles quigerem. Este poderia ser o modelo ótimo nom apenas para o remo, senom para qualquer desporto.
(*) Existem 5 ligas de trainheiras: ACT, LGT-A, LGT-B, ARC1 e ARC2, disputando-se todas elas nos meses de verao. Na LGT (Liga Galega de Trainheiras) participan as trainheiras galegas e asturianas divididas em duas categorias, mentres que as cántabras e bascas participan na ARC (Associaçom de Remo do Cantábrico) divididas também em duas ligas.
A ACT (Associaçom de Clubs de Trainheiras) é a máxima categoria. Foi creada no ano 2003 e está conformada por 12 clubes de remo do litoral atlántico e cantábrico da península. As trainheiras dos clubs pertencentes à associaçom compiten numha liga que se denomina Euskolabel Liga e na qual que cada ano compitem as 12 melhores trainheiras.