Por Maria Alvares Rei (Catalunha) /

A sucessom vertiginosa dos acontecimentos por volta do processo catalám fai difícil umha crónica que nom se desactualize aginha. Os feitos acumulam-se e, como é evidente, aguardam-se capítulos transcendentais para os vindouros dias. Além da peneira mediática espanhola, resulta de interesse pulsar as impressons e sensaçons que se respiram na Catalunha organizada.

Ocupaçom.

Sem exagero algum podemos falar dumha nova ocupaçom do Principado de Catalunha, que acumulou numha semana a cifra de 14000 agentes chegados do exterior para impor as ordens de Madrid. Um desdobramento policial que nom se recorda, e que deixa o resto do território estatal com mínimos recursos repressivos. Tal precariedade serve aos mais benévolos pra explicarem a acossa da extrema direita contra as e os cargos públicos da esquerda reunidos em Saragoça no fim de semana, que nom tivo resposta da polícia. Há quem fale da histórica toleráncia dos agentes com os seus afins no ultranacionalismo espanhol.

Primeiras agressons.

Pola vez primeira desde há oito décadas, o Estado espanhol intervém com a detençom de altos cargos da Generalitat; um salto qualitativo que já se esperava em Catalunha, e que se seguiu de muitos outros feitos de gravidade inusitada: acusaçons de sediçom, registos em conselharias, tomada de declaraçom a pessoas que copiárom webs relacionadas com propaganda do referendo censurada, requisa em imprentas. Para além do ataque contra o vasto movimento popular, Espanha atreve-se ao ataque contra umha estrutura governamental, feito único na nossa contorna geográfica.

Mobilizaçom permanente.

Pola sua dimensom, permanência e transversalidade, a movimentaçom popular catalá também permite poucas comparaçons em toda a Europa: a resistência passiva gorou o assalto policial à sede barcelonesa das CUP, o estudantado de liceu e universidade paralisou o ensino (com os feches em Barcelona e Lleida), e os estivadores dos portos boicotárom a presença dos ocupantes com sereas e ruído permanente. Durante várias noites, o Principado fundiu-se várias noites numha imensa ‘cacerolada’.

E agora que?

Enquanto o Estado se prepara para o selado pola força dos colégios eleitorais, o independentismo, coeso na sua pluralidade, mantém-se firme para desobedecer massivamente. Ainda sem sabermos se serám os Mossos ou a guarda civil os responsáveis por impedir o direito a voto, a ANC organiza o voluntariado massivo para ocupar os colégios desde a sexta feira.Respira-se um ambiente de energia e optimismo, com umha firme unanimidade nacional que enfraquece qualquer opçom por ‘terceiras vias’.

De resto, as hipóteses multiplicam-se a medida que ascende a coragem popular e medra a agressividade espanhola. Com as páginas da ANC ‘suspendidas’ por orde judicial e o ruxe-ruxe nom provado dumha possível detençom de Puigdemont, vozes autorizadas falam dumha futura Declaraçom Unilateral de Independência (DUI). Nem os mais cépticos imaginariam este cenário há apenas um ano, mas a cerraçom estatal arrasta para o arredismo capas mais amplas da populaçom e a classe política nacionalista. No entanto, vários governos europeus desmarcam-se detrás do pano da linha imobilista de Rajoy; a imprensa internacional contacta TV3 na procura dumha versom mais fidel da realidade, fazendo ponte por cima dos meios espanhóis.

Seguiremos a informar.